37 vítimas por dia e há cada vez mais homens

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima apoiou 13 234 vítimas diretas de violência em 2021. Subiu em relação ao ano anterior, o que se deve ao maior número de homens que pediu apoio. Representam 19,6 % dos agredidos, física e psicologicamente.
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A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) divulgou esta segunda-feira o Relatório Anual 2021, que indica um aumento de 11 % das vítimas diretas que apoiaram, passou de 13 093 para 13 234. Este aumento deve-se ao maior número de homens a denunciar as agressões de que são alvo, mais 13,2 %. Em 2021, 2601 pessoas do sexo masculino pediram ajuda à associação, em 2020 foram 1842.

"Temos feito uma forte sensibilização para que os homens recorram ao nosso apoio, uma vez que há muito preconceito. O sexo masculino é um público-alvo mas difícil de angariar, mas o nosso trabalho de sensibilização tem funcionado". Explicações de Raquel Segadães, da APAV, para o facto de terem cada vez mais homens a pedir ajuda.

A violência doméstica (76,8 %) é o principal crime que denunciam, seguindo-se os crimes sexuais contra crianças e jovens (5,5%), as ofensas à integridade e as ameaças/coação (2,5%).

As mulheres continuam a ser as principais vítimas no universo da violência doméstica, representam 77,9 % do total (10 308), Têm uma média de idades de 40 anos e com o ensino básico, mas o ensino superior surge em segundo lugar (6,8%). Os agressores são o cônjuge (15,5%), o companheiro/a (8,5%), o pai/mãe (7,8%), o ex-companheiro/a (7,5%), o filho/a (6,4%).

A idade dos homens agredidos é mais baixa, têm uma média de 36 anos, com um perfil muito semelhante às mulheres no que diz respeito à instrução e às pessoas de quem se queixam.

As crianças e jovens registaram, também um aumento, mais 33,5 %, (1 959), já os idosos diminuíram ligeiramente, totalizando 1594 (12 %).

Independentemente do sexo ou da idade, as vítimas que recorreram à APAV situavam-se fundamentalmente entre os 25 e os 54 anos (40,4%), faixa etária que tem vindo a aumentar entre as pessoas agredidas.

Estamos a falar de vítimas diretas, se pensarmos também nas que sofrem indiretamente as situações de violência, nomeadamente os filhos, os números ascendem a 15 617 pessoas e com residência em 286 municípios (93% do total). Muitas sofrem mais do que um tipo de crime, totalizando 25 838 o ano passado.

A APAV recebe contactos através de todo do tipo de suporte, nomeadamente via Internet, modalidade que tem a aumento, sobretudo com a covid. Mesmo num ano em que regressaram aos contactos presenciais pré-pandemia, salienta Raquel Segadães. Realizaram um total de 75.445 atendimentos, nomeadamente através dos serviços de proximidade como são os gabinetes

Presta apoio gratuito, "confidencial e especializado a vítimas de todos os crimes": na rede nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima, Linha de Apoio à Vítima, 116 006, de segunda a sexta, entre as 08.00 e as 22.00; também na Linha Internet Segura, 800 21 90 90, de segunda a sexta, entre as 08.00 e as 22.00 e do e-mail linhainternetsegura@apav.pt.

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