Sexta-feira negra para PT, BES e ESFG. Perda de 745 milhões

Não foi o crash bolsista de 1929, mas foi, sem dúvida, um dia negro para a família Espírito Santo. Na primeira reação do mercado à notícia de que a Portugal Telecom investiu 900 milhões de euros em papel comercial de empresas do Grupo Espírito Santo (GES), que terá agora de reembolsar, as ações da operadora, do BES e da Espírito Santo Financial Group (ESFG) afundaram ontem em bolsa. Contas feitas, as três cotadas perderam em conjunto 745 milhões de euros da sua capitalização bolsista em apenas um dia.
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A fatura foi mais pesada para as ações

das duas instituições financeiras. Se no caso da ESFG - acionista

do BES com 25% - os títulos tocaram num novo mínimo histórico e

registaram um tombo de 18,5%, equivalente a uma perda de valor de 76

milhões, já as ações do banco liderado por Ricardo Salgado

atingiram mínimos de outubro de 2013 e afundaram 11,4%, o que se

traduziu numa redução de 523 milhões de euros da sua

capitalização.

Esta hecatombe contagiou a Portugal Telecom,

sobretudo depois de uma casa de investimento ter alertado para os

riscos reputacionais com o investimento em dívida do GES. As ações

recuaram 5,6% e a operadora viu evaporarem-se 146 milhões do seu

valor de mercado.

Em causa estão os 900 milhões de

euros em títulos de dívida emitidos pela RioForte, holding que

concentra os negócios não financeiros do GES, que a Portugal

Telecom investiu em abril deste ano. Como esta aplicação vence já

no próximo mês de julho, o GES tem três opções em cima da mesa:

renovar esta emissão de curto prazo, colocando-a novamente na PT;

encontrar outros investidores; ou reembolsar o dinheiro, o que

implicará o recurso a fundos próprios.

Tendo em conta que a operadora não

estará disponível para renovar esta aplicação e pretende reaver o

capital investido, isto significa que só restam ao Grupo Espírito

Santo as duas últimas hipóteses, o que, face às dificuldades

financeiras que atravessa, representa um desafio.

A somar a isto, existe ainda a

incerteza em torno da sucessão no banco. O nome de Amílcar Morais

Pires terá ainda de ser aprovado pelos acionistas na assembleia

geral, agendada para o dia 31 de julho, e passar posteriormente pelo

crivo do Banco de Portugal.

Pelo caminho, o BES tem ainda de decidir

a possível cisão do seu banco de investimento, enquanto paira sobre

si a ameaça de um corte de rating deixado esta semana pela agência

de notação financeira Moody"s.

No caso da PT, a operadora assumiu que

tem os 900 milhões de euros de papel comercial da RioForte, mas

salientou tratar-se de um investimento de tesouraria e não de

qualquer investimento do seu maior acionista. No entanto, os

analistas do BPI alertaram ontem para o facto da operadora liderada

por Henrique Granadeiro enfrentar riscos reputacionais por causa

deste investimento, que tem um "impacto negativo" nas ações.

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