Salgado: Reforço de capital é só "um passo" na capitalização do BES
Ricardo Salgado explicou na apresentação de resultados do
terceiro trimestre do banco, que "há aspectos adicionais que
ainda terão que ser considerados, como sejam os resultados da
análise da 'troika' [ao balanço do banco] ou a evolução das
negociações sobre o fundo de pensões. Tudo isso deverá fazer
evoluir os elementos necessários ao cálculo das necessidade de
capital" para o banco cumprir os rácios exigidos.
O banco anunciou recentemente uma operação de troca de acções
por dívida para aumentar o capital até 790,7 milhões de euros, que
deverá ser aprovada na Assembleia-Geral de 11 de Novembro. Se este
montante for atingido, o BES já fica com um rácio 'core tier 1' de,
pelo menos, 9 por cento, cumprindo a exigência do Banco de Portugal
para este ano.
Para Ricardo Salgado esta decisão não é o fim do caminho, mas
apenas uma medida intermédia.
"O que estamos a fazer é a prepararmo-nos. A conversão é
um passo intermédio e na sequência desse passo iremos dar os
outros", disse Salgado, acrescentando que o banco irá "ajustar"
o capital em função das "necessidades adicionais que venham a
aparecer".
O banqueiro lembrou, inclusivamente, que a metodologia imposta
pela 'troika' e pelo Banco de Portugal para atingir um rácio 'core
tier 1' de 9 por cento este ano é diferente da exigida pela
Autoridade Bancária Europeia (EBA) para o mesmo rácio 'core tier 1'
de 9 por cento até final do primeiro semestre.
De acordo com a metodologia da EBA, o BES tem necessidades de
capital de 687 milhões de euros (44 milhões resultantes da
avaliação a preço de mercado da dívida soberana), ainda abaixo
dos 790,7 milhões que poderá conseguir na oferta de troca.
Apesar dessas necessidades que venham a decorrer, Salgado garantiu
que o BES vai "continuar nos mercado de capitais para fazer face
às necessidades de capital".
Salgado recusou, assim, uma vez mais o recurso ao fundo de
capitalização de 12 mil milhões de euros.