Salários a 14 meses? What?

Há uma grande dificuldade em explicar a um empresário britânico a estrutura salarial portuguesa. “Pedro, um ano tem 12 meses”, dizem-me. E com razão
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A Landing.jobs - o maior marketplace de trabalhos tecnológicos em Portugal - fez-me mudar de vida enquanto seu co-fundador. Mudei-me para Londres para expandir o negócio e integrar-me na comunidade tech local. Para além da capital de Inglaterra, empresários da Suíça, Bélgica, Alemanha, Noruega e EUA, entre outros, vêm falar com a Landing.jobs para montar as suas equipas de produto em Portugal.

Só nos últimos cinco meses, ajudámos empresas como a Sky, Warwick Analytics, Totemic, Signicat e 77 Diamonds a criar mais de 100 empregos diretos (imaginem os indiretos) em Lisboa e no Porto.

Existe um conjunto de fatores que ajudam a compreender este fenómeno:

1. Existem muitos profissionais de tecnologia que querem manter-se no país, mas pretendem ter uma experiência a trabalhar com empresas internacionais em modelo remoto.

2. Temos um bom fluxo de talento a entrar no mercado nacional todos os anos. As nossas Universidades e Politécnicos, mas também parceiros, como a Academia de Código, ajudam a aumentar o número de profissionais disponíveis no mercado.

3. Somos cada vez mais um hotspot para talento estrangeiro. Acredito que a agilização de vistos para profissionais de tecnologia é uma excelente ferramenta de atração de top talent.

4. Portugal é um país seguro, autêntico, com bom nível de inglês falado e escrito, bons costumes e onde se vive muito bem.

5. O ecossistema tech e de startups tem vindo a crescer muito. Veja-se a vinda do Web Summit para Lisboa, ou de nomes como a Second Home, Ministry of Startups, Impact Hub e outros que estão a chegar. Há reconhecimento internacional e a criação da #StartupPortugal está a liderar esta explosão.

Não é por acaso que empresas como a Zalando, Typeform, Onfido, Hitachi, The Mobility House, Spotify, JustGiving e GoCardless nos contataram e, muitas delas, querem estar presentes no Landing.jobs Festival, a 3 e 4 de Junho na Marina de Lisboa. Será uma oportunidade única para conhecerem in loco os nossos profissionais de tecnologia e decidirem se apostam ou não em Portugal.

O fenómeno da construção de equipas no país não vai parar e a Landing.jobs vai continuar a liderar esta frente. Porém, ainda há questões estruturais que devemos tentar resolver. Há uma grande dificuldade em explicar a um empresário britânico que a estrutura salarial portuguesa foi pensada a 14 meses. O custo do salário anual em Portugal inclui onze meses de trabalho, um mês de férias e dois meses de subsídios. “Pedro, um ano tem 12 meses!”, dizem-me eles - e com razão. Sei que é uma questão cultural mas, como fazedor, serei sempre o primeiro a tentar mudar o status quo.

Co-fundador da Landing.Jobs

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