Retalho alimentar aposta em lojas urbanas e pequenas
A grande distribuição mantém um ritmo de expansão elevado, embora a tendência esteja agora mais centrada na abertura de espaços no meio urbano e de pequena dimensão (entre os 250 e os 500 metros quadrados), as chamadas lojas de proximidade. Só a Winnerules, empresa especializada na gestão e consultoria imobiliária, tem em carteira um investimento de 360 milhões de euros, que serão aplicados em 83 projetos comerciais nos próximos cinco anos. As novas unidades vão surgir maioritariamente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto.
O pipeline está essencialmente centrado na grande distribuição (insígnias como Pingo Doce, MyAuchan, Lidl, Aldi ou Intermarché) e food & fast-food (marcas como a Pizza Hut, KFC ou Burger King), revela Luís Espinha, sócio fundador da Winnerules. Estes dois segmentos de mercado valem 70% da atual carteira da imobiliária, que incorpora ainda áreas como a saúde e o bem-estar. Os projetos encontram-se em fases distintas de execução, prevendo-se as primeiras aberturas para 2019 e 2020.
A maioria das insígnias já operam em Portugal e estão a fortalecer a sua presença no território, com o foco nos dois grandes centros urbanos do país. “As marcas querem estar onde estão as pessoas, daí que a maioria dos nossos projetos esteja localizada na Grande Lisboa”, numa área que vai desde Sintra até ao Montijo, diz Luís Espinha. Nos próximos dois a três anos, o mercado da distribuição e food deverá abrir mais de cem lojas no país, embora nem todos geridos pela consultora imobiliária.
Nos últimos anos, “temos assistido ao regresso das lojas de rua, ao comércio de bairro que, pela sua localização, obriga à abertura de lojas mais pequenas”, sublinha. Esta tendência comporta também a transformação do conceito de loja. Estes espaços “privilegiam a proximidade, o contacto com o cliente e disponibilizam tudo num único lugar”. Na sua opinião, as marcas vão apostar cada vez mais na personalização do serviço para fidelizar os clientes e na diferenciação face à concorrência. “Qualidade” e “proximidade” são os vetores chave para aliciar o consumidor.
Economia do tempo
“A grande tendência será a economia do tempo das pessoas”, ou seja, “os consumidores vão ter cada vez menos tempo e vontade de se deslocar” para usufruírem de serviços ou fazerem compras. A escolha irá recair por espaços próximos dos grandes aglomerados urbanos, onde a oferta seja complementar, e onde encontrem tudo o que necessitam integrado numa só área, considera o empresário.
O turismo está também a despertar o interesse de grandes marcas internacionais, que estão a olhar para Portugal como uma oportunidade para entrar na Europa”, revela Luís Espinho. Os setores da hotelaria e do automóvel são as grandes novidades entre as novas marcas que estão a apostar no país.
Já o comércio digital veio para ficar, “mas não será o futuro em si”. A defender esta premissa está o facto de os pioneiros digitais estarem a abrir lojas físicas, recorda. Para Luís Espinha, “o comércio eletrónico é apenas mais uma ferramenta que veio facilitar o processo de compra”, pois “o cliente valoriza a facilidade do online, mas gosta da proximidade e da interatividade que uma loja física proporciona”. Na realidade, só 10% do total das vendas a nível europeu de marcas que têm lojas físicas é que são originadas no comércio eletrónico.
Chave na mão
A Winnerules trabalha essencialmente com insígnias do setor alimentar, mas também com marcas não alimentares como Fitness Hut, Pump, Norauto ou Cuf. Luís Espinha é o fundador da empresa, que surgiu há 10 anos, numa altura em que as marcas passaram a arrendar espaços em vez de os comprarem. O empresário viu aí uma oportunidade de negócio e colocou o foco na procura de investidores que adquirissem imóveis ou terrenos para, posteriormente, serem arrendados por terceiros. Na essência, é transformar produtos imobiliários em financeiros.
A empresa de Luís Espinha procura terrenos e marcas para se instalarem em localizações selecionadas, e toma a seu cargo o processo burocrático de licenciamento. Segundo avança, atualmente só 10% dos ativos imobiliários das empresas são próprios. A Winnerules desenvolve ainda serviços de construção e reabilitação de espaços, através de parceiros, e trabalha fiscalmente o projeto.
Desde a sua fundação, já assumiu a gestão e implementação de cerca de 80 projetos, que totalizam um investimento imobiliário da ordem dos 80 milhões de euros. No ano passado, a empresa de gestão e consultoria imobiliária encerrou com uma faturação da ordem dos 2,2 milhões de euros.