Recorde de 6,2 milhões de desempregados em Espanha

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É um novo máximo histórico - o desemprego em Espanha ultrapassou, pela primeira vez, os seis milhões.

Em recessão, a quarta maior economia da Zona Euro tinha, no final de março, nada menos do que 6 202 700 pessoas sem trabalho, mais 237 400 do que nos últimos três meses de 2012. São 27,16% da população ativa. Ou, por outras palavras, mais de um em cada quatro espanhóis com idade para trabalhar não tinha emprego, segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto de Estatística. Entre os países da União Europeia, só a Grécia, com 27,2% em janeiro, tem uma taxa mais elevada.

Há um ano, quando o Governo de Mariano Rajoy avançou com "uma agressiva reforma do mercado laboral" - como a classificou o ministro da Economia, Luis de Guindos -, o desemprego afetava 5,6 milhões de pessoas; e em 2007, antes do rebentar da crise financeira, existiam 1,8 milhões de desempregados.

Para dar uma ideia da dimensão do drama social, o El Mundo fez algumas comparações, socorrendo-se do Google Maps. Os 6,2 milhões de desempregados espanhóis colocados uns atrás dos outros [e assumindo que cada pessoa ocupa 70 cm] dariam para formar uma fila desde a Puerta del Sol, no centro de Madrid, até Berlim, a capital alemã... e voltar para trás. São 4200 km. Outro exemplo: todos juntos, os desempregados chegavam para encher 70 estádios Bernabéu, o famoso estádio do Real Madrid.

E os números podem até ser ainda mais negros. É que, este ano, a Semana Santa, responsável habitualmente pela criação de milhares de postos de trabalho temporários, calhou em março e não em abril, como em 2012. E as estatísticas também não contam com os que se "renderam" e voltaram a estudar ou que pura e simplesmente emigraram. E são muito milhares. Basta ver que a população ativa também diminuiu para 22 837 400 pessoas, menos 235 300 do que há um ano .

Os números não enganam - nos primeiros três meses de 2012, 14 433 200 espanhóis tinham trabalho; num ano perderam-se 798 500 empregos, com a crise a não poupar nenhum sector de atividade, desde a agricultura à indústria, mas sobretudo a construção, em que foram destruídos 137 mil postos de trabalho.

O desemprego aumentou em quase todas as comunidades autónomas, segundo o El País. Mas a Espanha está agora a duas velocidades: Andaluzia, Extremadura e Canárias têm taxas de desemprego à volta dos 35%; no País Basco e em Navarra fica abaixo dos 19%.

As vítimas maiores são os jovens. A taxa de desemprego entre os que têm menos de 25 anospulou para 57,2%. São mais de 960 mil jovens sem trabalho. E sem futuro.

2 milhões de casas onde não há trabalho

O número é impressionante e mostra bem a dimensão da crise social que se vive hoje em Espanha, a quarta maior economia da Zona Euro - há 1 906 100 lares em que ninguém tem trabalho. São mais 72 400 famílias do que nos últimos três meses de 2012, um aumento de 3,95%. E 177 700 mais do que há apenas um ano, um agravamento de 10,28%, de acordo com os dados ontem publicados. Os números mostram ainda outra realidade - o número de casas em que todos os membros ativos têm emprego baixou para8 143 900 no final do primeiro trimestre deste ano, são menos 190 400 lares, uma quebra de 2,28% em apenas três meses.

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