Preço do petróleo em mínimos dos últimos quatro anos

O preço do petróleo nos mercados internacionais caiu na última semana para mínimos históricos, com o barril de Brent, que serve de referência para a Europa, a cotar na sexta-feira abaixo dos 90 dólares (89,9)durante a sessão, o valor mais baixo em quase quatro anos, enquanto nos Estados Unidos o barril de crude descia abaixo dos 84 dólares (83,59), o menor valor desde julho de 2012.
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As cotações do petróleo estão baixas há meses, devido ao excesso de produção face às perspetivas pouco animadoras da procura mundial. O preço do Brent já caiu desde junho quase 25%. Nos últimos dias sofreu mais um forte abanão com as fracas previsões de crescimento da zona euro - revistas em baixa pelo FMI para 0,8% este ano e 1,3% no próximo - e os receios de abrandamento do seu carro-chefe, a Alemanha, onde quatro institutos reviram também em baixa as previsões macroeconómicas, apontando agora para crescimentos de apenas 1,3% em 2014 e 1,2% em 2015, menos seis e oito décimas, respetivamente, do que o estimado em abril.

Segundo a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, a zona euro enfrenta "sérios riscos" de uma nova recessão, se nada for feito para contrariar o débil crescimento na região. Às preocupações com o fraco crescimento na Europa, juntam-se as incertezas no Brasil e o abrandamento da economia na China.

Em paralelo, verifica-se o aumento da produção de petróleo na América do Norte, o regresso da Líbia a este mercado e até a Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo do mundo, revelou ter elevado a produção no mês passado em 100 mil barris por dia.

O facto de a Arábia Saudita ter baixado recentemente os preços para os seus clientes asiáticos - o que foi interpretado como estar mais interessada em proteger as suas quotas de mercado do que com o nível dos preços - aumentou as especulações sobre uma guerra de preços na Organização dos Países Exportadores de petróleo (OPEP) e se os seus membros estarão interessados em conter os preços, que deverão continuar a cair até que a organização decida que é suficiente.

A Venezuela já anunciou na sexta-feira que vai pedir uma reunião extraordinária da OPEP, no encontro marcado para 27 de novembro na sua sede em Viena (Áustria), para tentar pôr fim à queda das cotações. "Temos que coordenar uma ação para travar a queda dos preços do petróleo", disse o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, acrescentando estar convencido de que o problema não é o normal funcionamento do mercado, mas "manipulações dos preços para criar problemas económicos às grandes empresas produtoras". Rafael Ramirez acredita que a atual baixa de preços do petróleo se deve a uma "superprodução" dos países que não fazem parte da OPEP, como os Estados Unidos.

Mas a produção também tem aumentado nos países da OPEP, como o Iraque e a Líbia, apesar da violência e da instabilidade que se vive em ambos. E até agora a organização, que é responsável por cerca de um terço da produção mundial de petróleo bruto, ainda não mostrou vontade de reduzir a sua oferta. Apesar de atribuir a queda dos preços a uma "procura fraca", a par de "uma oferta abundante". Em setembro, a produção da OPEP subiu para 30,47 milhões de barris por dia, 400 mil barris acima dos 30 milhões diários que tinha mantido desde o final de 2011.

A queda dos preços do petróleo pode parecer uma boa notícia para as famílias e a indústria, mas penaliza os investimentos no sector.

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