Em Lisboa a festa na rua ainda é uma incógnita.
Em Lisboa a festa na rua ainda é uma incógnita.Raquel Pimentel

Portugueses e brasileiros preparam Carnaval 2025em Portugal

Festa na rua está confirmada em Alcobaça, Braga, Loulé, Ovar, Porto, Sesimbra e Torres Vedras. Em Lisboa, o impasse continua. Outras cidades terão festas em locais fechados.
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Falta menos de um mês para algumas cidades portuguesas ficarem mais coloridas e vibrantes, mesmo em meio do inverno. Pelo menos sete municípios estão com o Carnaval 2025 confirmado: Alcobaça, Braga, Loulé, Ovar, Porto, Sesimbra e Torres Vedras. Cada localidade tem suas tradições próprias, influenciadas mutuamente por Brasil e Portugal ao longo de anos de história.

Com o aumento de imigrantes no país, as festas ao estilo brasileiro tornaram-se mais comuns nos últimos anos. Em Braga, por exemplo, apelidada de “Bragasil”, as ruas vão receber blocos de Carnaval, uma tradição de cidades como São Paulo. A festa terá o apoio da Câmara Municipal de Braga, assim como outras festas brasileiras que ocorrem na cidade. “Esse será o segundo ano e a procura, a demanda está elevadíssima. O comércio local será beneficiado, tem pessoas de toda a região curiosas e interessadas. Já há procura nos hotéis, os comerciantes de pequeno porte estão empolgados. É uma oportunidade maravilhosa num período de inverno em que não há tanta programação cultural”, explica ao DN Brasil o DJ Lucas de Freitas, organizador de eventos em Braga.

O imigrante diz não entender porque em Lisboa os carnavalescos encontram barreiras para festejar. “Me surpreende, para não dizer que me assusta, haver tanta dificuldade para a realização do carnaval em Lisboa. Braga é uma cidade infinitamente menor e está dando o exemplo. Temos o apoio da câmara municipal, temos o apoio dos comerciantes, temos o apoio artístico, as pessoas estão empolgadíssimas”, pontua. O “esquenta” para o Carnaval já foi realizado no último domingo, com uma festa no Oboé, da empresária brasileira Lu Marinho. Ou seja, desde fevereiro Braga já está no clima carnavalesco.

No Porto, o desfile na rua também está garantido, com apoio da câmara municipal, assim como em 2024, quando o frio e a chuva não espantaram os foliões. A data deste ano é 2 de março, o domingo de Carnaval. Será a 14.ª edição da festa, promovida pelo Batucada Radical, grupo formado por brasileiros e portugueses unidos pelos batuques. A concentração inicia às 13:00, com o desfile pelas ruas da cidade Invicta a partir das 15:00.

O cortejo vai seguir até a Alfândega do Porto, onde a festa continua com o Carnavrau, animado pelo grupo de pagode Vem Ser Feliz, DJ Juninho Azevedo, músico Lucas Bacelar e pela Batucada Radical. Os ingressos são limitados e já estão à venda online. Assim como em Braga, o fim de semana já foi um “esquenta” para a festa, com pré-Carnaval que contou com a presença do cantor Marrom Brasileiro, ícone do Frevo. O DN Brasil também conversou com o artista e a entrevista está disponível aqui.

Em Lisboa, maior cidade do país e que possui o maior número de blocos de Carnaval organizados, a festa na rua ainda é uma incógnita. Sem apoio da Câmara Municipal de Lisboa para ter uma redução no custo das taxas e sem terem conseguido estar no calendário oficial de eventos, como o Ano Novo Chinês, o Governo brasileiro foi chamado para tentar ajudar os foliões. A situação ocorre desde o ano passado, quando metade dos blocos cancelaram os cortejos por terem recebido de última hora os valores para permissão da festa.

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A diplomacia brasileira, através da embaixada, tenta intervir para que a Câmara de Lisboa apoie a festa, através de um protocolo de cooperação. A expectativa é que uma definição ocorra na cúpula entre Brasil e Portugal, marcada para 19 de fevereiro em Brasília. Caso não seja possível um acordo, cada bloco vai decidir como sairá para a rua, com a possibilidade de festejar como manifestação cultural.

“Estamos confiantes com esse acordo e na expectativa”, destaca ao DN Brasil Cauê Matias, da União dos Blocos de Carnaval de Rua de Lisboa (UBCL). Na semana passada, o Lisbloco ficou sabendo que recebeu uma multa referente ao Carnaval passado, do dia 12 de fevereiro, no valor de até 3,5 mil euros. “Mas nesse dia estávamos na Musa em Marvila, não no Campo de Santa Clara, como alegam. Temos as provas e tudo, entramos com um recurso”, explica. A multa só chegou ao bloco em dezembro.

Para Andrea Freire, fundadora do bloco artivista Colombina Clandestina, a festa na rua é essencial. “Não é só importante, é a essencialidade, porque não existe carnaval senão na rua, não existe carnaval senão do povo. O carnaval exige a ocupação do espaço público, da rua, da inversão de classes sociais, de papéis, a essência é toda essa. Então, o carnaval necessariamente deve promover a ocupação do espaço público para manter o seu caráter político, questionador, social, de integração, de liberdade”, assinala a brasileira.

Além da festa na rua, o bloco também prepara um baile em local fechado, como mais uma maneira de garantir que possam celebrar nestes dias. O baile de Carnaval, que chega à sétima edição, será no dia 1.º de março, das 20:00 às 6h da manhã - em localização ainda secreta. Uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (dia 11) vai revelar mais detalhes da programação, que inclui também ações durante vários dias que envolvem toda a comunidade, como ensaios abertos, apresentação em uma estação de metro e cortejo para crianças de escolas públicas de Belém.

Pelo país

Em outras cidades, há uma mistura das festas portuguesas e brasileiras. Em Torres Vedras, onde a festa é uma das maiores da cidade, no último sábado houve a inauguração do Monumento ao Carnaval de Torres Vedras, seguido de baile de máscaras. Já a programação do Carnaval vai ocorrer entre os dias 28 de fevereiro a 5 de março, com cinco dias de festejos, com o tema “50 anos, 25 de abril”. O evento lembra os desfiles da Sapucaí, com fantasias e carros alegóricos nas ruas.

Em Sesimbra, as fantasias utilizadas igualmente lembram o Carnaval do Rio de Janeiro, além de atrações musicais brasileiras na programação, como o espetáculo com Axé Maré e apresentação dos Moleques do Samba. Os festejos, que serão realizados no Largo da Marinha, começam já na sexta-feira, dia 28 de fevereiro e terminam na segunda-feira, dia 3 de março. Na cidade de Ovar, onde os desfiles com carros alegóricos e fantasias também são tradicionais, a programação começou oficialmente no sábado, com a apresentação de uma roda de samba composta por 60 pessoas, com a promessa de quebrar recordes e ser a maior da Europa.Em Loulé, onde a festa é considerada a mais antiga do país, os desfiles serão de 1 a 4 de março.

amanda.lima@dn.pt

Esta reportagem está na edição impressa do Diário de Notícias desta segunda-feira (10).

O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil.

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