Visita de Ban Ki-moon fará pouco por Guterres. Tempo aperta até julho

Há seis candidatos a secretário-geral que já conhecem os corredores da ONU. E pode vir um sétimo a caminho. Atual líder avisa que não pode apoiar candidato português
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A passagem de Ban Ki-moon por Portugal ajudará pouco no sucesso da candidatura de António Guterres a secretário-geral das Nações Unidas, reconheceu ao DN fonte próxima do processo, apesar do entusiasmo do Presidente da República. E o próprio secretário-geral já avisou que não pode apoiar ninguém.

Marcelo Rebelo de Sousa tinha dito que esperava do atual líder da ONU um "reconhecimento que vale como um empurrão" para António Guterres. Mas o reconhecimento que existiu, como avançou o Público, "foi o óbvio", notou fonte diplomática. O secretário-geral disse que, "no quadro das Nações Unidas", o ex-alto comissário para os Refugiados "teve um papel magnífico, uma prestação muito boa".

Estes são os limites da diplomacia: a terminar o seu mandato, Ban Ki-moon tem de medir bem as palavras. Os membros permanentes do Conselho de Segurança não lhe perdoariam uma frase que pudesse ser entendida como de apoio ou contra um qualquer candidato. Aquilo que disse de Guterres foram "coisas redondas e simpáticas".

É o mesmo que se antecipa na entrevista ao Expresso (a publicar no próximo sábado), em que o secretário-geral da ONU elogia o antigo primeiro-ministro português: "É um grande líder, com uma forte visão", "que deu um grande contributo à Humanidade como alto-comissário para os Refugiados" e que nesse cargo "foi um dos grandes líderes da ONU", elogiou Ban Ki-moon.

"Tenho de ser neutral"

O atual responsável das Nações Unidas logo deixou uma ressalva. "Como secretário-geral tenho de ser neutral e imparcial neste processo, mas estou confiante no novo processo de escolha do meu sucessor, que é muito transparente, pelo que espero francamente que funcione", respondeu ao Expresso.

Há outro pormenor que obriga às cautelas do sul-coreano. Entre os candidatos já anunciados há seis que conhecem bem o sistema das Nações Unidas. E pode ainda surgir outro nome na corrida, o da atual ministra dos Negócios Estrangeiros argentina Susana Malcorra, que foi chefe de gabinete de... Ban Ki-moon.

Candidatos confirmados que andaram pelos corredores da ONU, para além do português, já há a neozelandesa Helen Clark, apontada como uma das mais fortes candidatas, atual administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; a búlgara Irina Bokova, que é a diretora-geral da UNESCO; o sérvio Vuk Jeremic presidiu à Assembleia Geral das Nações Unidas; Danilo Türk foi presidente da Eslovénia e secretário-geral adjunto para os Assuntos Políticos, nomeado por Kofi Annan, que liderou a ONU de 1997 a 2006; e o macedónio Srgjan Kerim foi embaixador nas Nações Unidas.

O processo de que fala Ban Ki-moon é aquele em que está concentrado Guterres. Em abril, o candidato português já foi ouvido numa audiência informal e, em julho, o Conselho de Segurança dará um primeiro voto indicativo que serve mais para excluir do que para apoiar candidatos. É o seu primeiro teste.

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