Uma classe em burnout e desencantada com o SNS

Quatro candidatos a bastonário da Ordem vão a votos no dia 19. Todos defendem mais condições para a classe

Na Ordem dos Médicos estão inscritos mais de 50 mil profissionais: internos, especialistas, a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS), no setor privado. A primeira volta para escolher um novo bastonário está marcada para o dia 19 e nos programas dos quatro candidatos sobrepõem-se preocupações: o excesso de formação e as condições dos internos, a saída de médicos, entre jovens e seniores, do setor público, a emigração, as condições de trabalho.

Ordem e sindicatos reivindicam a falta de concursos para progressão na carreira, melhores condições de trabalho como equipamento renovado, reposição das horas extra a 100%, melhores salários. Estas são algumas das razões apontadas para a saída de muitos médicos - entre recém-especialistas e seniores - para o setor privado e para outros países. Um estudo recente do Instituto de Saúde Pública do Porto, que envolveu 1495 médicos, mostrou que um em cada três da região norte admite deixar o SNS para trabalhar só no privado e 40% admitem antecipar a reforma por exaustão. Em 2016 um estudo da ordem mostrou que dois terços dos médicos disseram estar em elevada exaustão emocional. Em 2012 fizeram greve nacional e uma das maiores manifestações do setor contra a degradação do SNS.

Em 2014 trabalhavam no SNS cerca de 27 mil médicos. Mas foi reconhecido pelos últimos ministérios que há falta de clínicos em determinadas especialidades e em algumas zonas do país. O ministério abriu mais de mil vagas, de norte a sul, em especialidades consideradas carenciadas, com anestesiologia, pediatria e medicina interna, para os hospitais, e médicos de família à cabeça. Em foco tem também estado a formação: a ordem e a associação de estudantes querem a redução do número de vagas que se traduz igualmente em números recorde de internos que estão nos hospitais a fazer a sua especialidade.

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