Relatório do SIRESP diz que rede "esteve à altura" e não houve falhas
O relatório do desempenho do SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal), que tinha sido solicitado pelo Governo na sequência das falhas relatadas durante o incêndio de Pedrógão Grande, que fez 64 mortos, foi esta terça-feira disponibilizado no portal do Executivo.
No documento, a SIRESP SA, que gere a rede de comunicações de emergência do Estado, garante que "não houve interrupção no funcionamento da rede" e que o serviço esteve "à altura da complexidade do teatro de operações".
O relatório mostra o desempenho do SIRESP entre 17 e 22 de junho e indica que, das 16 estações base que cobrem a zona do fogo, cinco entraram "em modo local em virtude da destruição pelo incêndio dos cabos de fibra ótica e outras da rede de telecomunicações que asseguram contratualmente a interligação ao resto da rede".
"Embora em modo de serviço local, cada estação base garante a comunicação entre os operacionais no terreno na respetiva área de cobertura, sendo esta uma característica da tecnologia TETRA", refere o relatório.
Sublinha também que, além do funcionamento em modo local, a tecnologia TETRA permite que "os operacionais comuniquem diretamente entre si no designado modo diretor (walkie-talkie)" e, mesmo em situações extremas como a que se verificou em Pedrógão Grande, "fica demonstrado que a rede SIRESP funcionou de acordo com a arquitetura que foi desenhada para esta rede".
No capítulo dedicado às "conclusões e recomendações", o relatório refere que "não houve interrupção no funcionamento da rede SIRESP, nem houve nenhuma estação base que tenha ficado fora de serviço em consequência do incêndio".
Realizaram-se, segundo o documento, "mais de 100 mil chamadas processadas no período crítico, das 19:00, de dia 17, às 09:00, de dia 18, através de 1092 terminais". "Estes números demonstram que o desempenho da rede SIRESP correspondeu e esteve à altura da complexidade do teatro das operações, assegurando as comunicações e a interoperabilidade das forças de emergência e segurança", escreve-se.
O relatório continua, revelando que foram registadas "situações de saturação de rede, embora, durante o dia 17, primeiro dia do incêndio, estas não tenham sido significativas, particularmente até às 23:00. A saturação da rede não foi originada por nenhuma falha da rede, mas foi originada por uma procura de tráfego superior à capacidade disponível".
O SIRESP realça também que, apesar da entrada em modo local de cinco estações, o número médio de chamadas aumentou.
O relatório destaca que a entrada das cinco estações em modo local, tal como previsto pela tecnologia TETRA, e a posterior entrada em serviço de uma das estações móveis, "assegurou o funcionamento da rede até à reposição da infraestrutura de telecomunicações".
Esta informação vem contradizer o documento da Autoridade Nacional da Proteção Civil que foi enviado ao primeiro-ministro no passado dia 23 de junho e é esta terça-feira citado em vários órgãos de comunicação. O registo do Sistema de Apoio à Decisão Operacional - a chamada "caixa negra" da Proteção Civil - mostra que vários pedidos de ajuda de populares não chegaram ao posto de comando por falhas nas comunicações.
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