Portugal magnético atrai cada vez mais norte-americanos

Número de hóspedes já cresce quase 30% em 2018, com recorde de voos entre Portugal e EUA. Em 2017 houve 30 mil notícias internacionais sobre Portugal. A última no "The New York Times".

"Lisboa parece pronta para uma nova época de ouro", escreveu ontem o The New York Times (NYT) num artigo de viagens que conta a experiência de 36 horas na capital portuguesa. Entre as delícias dos pastéis de nata e do vinho do Porto, o artigo leva-nos numa viagem-relâmpago a zonas históricas da cidade, da Graça ao Cais do Sodré, de Belém ao Chiado. O NYT não procura redescobrir Lisboa, mas é interessante ler os comentários dos leitores americanos, que se queixam da falta de referência ao fado ou aos pastéis de Belém. Esses comentários denotam algo que há pouco tempo não existia: um público que conhece Portugal e sabe o que quer quando nos visita.

"Portugal está na bucket list dos americanos", confirma ao DN a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, referindo que este mercado, que é o quinto principal em termos de receitas turísticas, está mesmo a descobrir o país.

Só neste ano, os EUA já são o segundo mercado que mais cresce, com 50,2 mil hóspedes, 112,5 mil dormidas e receitas de 108,4 milhões até fevereiro. Tudo crescimentos entre 23% e 29%. "É um mercado muito interessante porque é um dos que mais gastam e viajam ao longo de todo o ano", diz a secretária de Estado. "Temos feito um investimento de promoção forte nos EUA, com jornalistas e encontro com operadores, comunicando a diversidade de Portugal, tendo o mercado crescido 60% para Portugal nos últimos dois anos." Este crescimento refere-se aos três principais indicadores, hóspedes, dormidas e receitas. No ano passado, o número de hóspedes americanos foi de 685 mil.

Parte do aumento está relacionado com a duplicação da capacidade aérea, com 91 voos semanais neste verão. "Neste momento estamos a trabalhar com os dois maiores operadores turísticos americanos de luxo, que estão a colocar Portugal no radar do mercado americano", revela a governante.

A TAP é um pilar da estratégia, com voos diretos para Boston, Miami, Nova Iorque, Newark e Toronto, num total de cinco por dia. Fonte oficial da transportadora indica ao DN que em 2017 registou um aumento de 54,5% de passageiros vindos da América do Norte, num total de 729 mil pessoas. Foram mais 257 mil do que em 2016.

"É intenção da TAP continuar a crescer na América do Norte, que passou de ser, em 2015, o 5.º mercado mais importante para a TAP para ser o 3.º mercado mais importante atualmente", refere a mesma fonte. Quando a transportadora começar a receber os novos aviões A330neo, no segundo semestre, estão previstas mais rotas.

Mudança de imagem

Uma das coisas que mudaram é a forma como Portugal é visto no exterior. Artigos como o de ontem no NYT ajudam o trabalho da agência de investimento AICEP, que só em 2017 captou 1,6 mil milhões de euros de investimento; nos últimos três anos e meio, a agência angariou tanto investimento como nos sete anos anteriores e muitas empresas decidiram instalar-se no país. "O turismo ajuda-nos imenso na dimensão de lifestyle, porque cada vez mais estas empresas, sobretudo estrangeiras, têm de atrair expatriados para vir para cá", explica ao DN o presidente da AICEP, Luís Castro Henriques. "A estratégia hoje é vender o Portugal moderno", complementa, referindo que o artigo do NYT toca nalguns desses pontos, como o da moderna indústria da cortiça. "O caminho que estamos a fazer é o certo, de nos afirmarmos em termos de qualidade: o que é português é bom."

O interesse dos norte-americanos em Portugal não é súbito, mas é recente. Em 2017 houve 30 mil notícias internacionais sobre Portugal, o dobro em relação a 2015. Para incentivar uma primeira visita ao país, a TAP está a investir desde 2016 no produto stopover, que permite que um passageiro em viagem dos EUA para a Europa vá por Portugal e fique entre um e cinco dias sem custos de ligação, em vez de estar apenas duas ou três horas à espera num aeroporto. "Este é um instrumento fundamental para a estratégia de conquista dos Estados Unidos", declara fonte da TAP. A Condé Nast Traveler elegeu-o como "melhor stopover do mundo" e, pelas contas da TAP, já trouxe cem mil novos turistas ao país. A transportadora oferece experiências gratuitas com parceiros, como degustação de vinhos, e diz que o produto "funciona como um estímulo para uma nova viagem com destino ao nosso país." A ideia é que queiram regressar mais tarde.

A companhia contratou uma agência norte-americana para promover Portugal, incluindo publicidade em Times Square e táxis de Nova Iorque. O jornal Metro, a Time Out e a New York Magazine são meios em que a TAP tem investido em publicidade ao stopover, com campanhas pontuais, e a cadeia de televisão CBS fez um segmento sobre este serviço. O facto de Portugal ser considerado um dos 30 melhores países do mundo para fazer negócios e investir, além de seguro e amigável, só ajuda a causa.

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