PJ trava a produção de 30 milhões de comprimidos de ecstasy

Apreensão de 4,5 toneladas de uma substância usada para fabricar droga sintética ocorreu quando o produto, vindo da Ásia, iria seguir para a Holanda. Não houve detidos, para já
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É a maior apreensão em Portugal de uma substância que serve para produzir pastilhas de ecstasy. As 4,5 toneladas de BMK (Fenil1-porpanona2) tinham chegado por via aérea, provenientes da Ásia, e estavam já prestes a seguir por via terrestre, em diferentes lotes, para a Holanda e a Bélgica. Se tivessem seguido viagem e chegado aos destinatários, seriam transformadas em pastilhas - dava para 30 milhões -, e seguramente muitas destas viriam a ser comercializadas em Portugal.

A operação policial começou quando as autoridades holandesas e belgas detetaram uma situação de fabrico de drogas sintéticas. "Havia indicações de que o produto tinha passagem por Portugal antes de chegar a esses dois países. Iniciamos a investigação e deu resultados", disse ao DN Rui Sousa, coordenador de investigação criminal na Unidade Nacional contra o Tráfico de Estupefacientes (UNCTE).

Quando a Polícia Judiciária (PJ) detetou a mercadoria, esta já estava desalfandegada e preparada para seguir viagem para a Holanda, a concretizar em momentos diferentes e em lotes separados. Para a deteção, a Judiciária contou com "a prestimosa colaboração da Autoridade Tributária e Aduaneira".

De acordo com o investigador da PJ, esta substância foi importada por membros de um grupo organizado transnacional tendo em vista a produção de elevadas quantidades de drogas sintéticas. A nível de precursores para produção de drogas, Rui Sousa diz que esta é a maior apreensão efetuada em território nacional e de grande relevância a nível europeu, com a Europol e as congéneres holandesas e belgas a acompanhar o caso.

Se não fosse intercetado, este material permitiria a produção de cerca de 30 milhões de comprimidos de ecstasy. "Não consigo valorizar, mas basta pensar na quantidade e no valor que pode ter no mercado", respondeu o investigador da PJ.

Apesar de a mercadoria ter sido apreendida, para já ninguém foi constituído arguido. A investigação prossegue com vista a apurar ilícitos cometidos em Portugal no âmbito desta apreensão, motivo que leva a PJ a não fornecer mais pormenores sobre como estava planeado o transporte para o centro da Europa.

A UNCTE não duvida que esta substância, se fosse usada pelos traficantes, acabaria por regressar, em parte, a Portugal sob a forma de pastilhas. "O produto seria transformado em MDMA, a mais comum, ou para ser misturada noutras pastilhas de drogas sintéticas. Como a quantidade é tão grande, seria depois distribuída em todo o mundo, Portugal incluído", explicou Rui Sousa.

Em território nacional, não há grandes registos de produção de drogas sintéticas. "Felizmente a nossa experiência diz que a produção de ecstasy, a haver em Portugal, será com muito pouca expressão", diz o responsável.

Holanda e Bélgica são dois grandes centros produtores de drogas sintéticas na Europa. Nestes países, há grupos organizados, com conhecimento de química e experiência de produção drogas, que depois, na distribuição, beneficiam da localização geográfica e da existência de muitos portos marítimos.

A PJ salienta que há consumo em Portugal, e logo tráfico, e há muita compra pela internet, na darkweb. "Se já existe grande risco com o ecstasy, o que se compra na web é de risco muito superior. Há muitos produtos que nem se sabe o que são. E há muita venda deste tipo de produtos online."

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