Passos apoia Marcelo mas quer que seja como Cavaco
PSD aprova apoio a Marcelo por unanimidade e aclamação. Passos anuncia recandidatura à liderança do partido. Ao ex-líder do PSD pede que seja "árbitro" e não "jogador" em Belém
Passos Coelho quer que Marcelo Rebelo de Sousa seja um Presidente como Cavaco Silva. No Conselho Nacional do PSD, o líder apelou a que os eleitores e militantes votem no antigo presidente do partido, que deve ser "mais árbitro do que jogador" em Belém, destacando o mandato "apartidário" de Cavaco Silva. As declarações de Passos foram feitas esta noite, em que também assumiu que é recandidato à liderança do PSD e em que os órgãos nacionais de PSD e CDS aprovaram o apoio a Marcelo.
No final de um discurso longo, Passos Coelho referiu que "o Conselho Nacional do PSD deve recomendar o voto no professor Marcelo Rebelo de Sousa". Na sequência do perfil do candidato presidencial que apoia, decalcado da moção que apresentou ao congresso em 2014, Passos Coelho fez questão de dizer que deve ser feito o "reconhecimento público do mandato apartidário do professor Cavaco Silva".
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Na moção aprovada, o Conselho Nacional deliberou "recomendar aos eleitores do PSD o voto na candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa". O mesmo documento destaca que Marcelo "oferece a perspetiva de equilíbrio político, de fidelidade aos compromissos europeu e atlântico de Portugal e a correta interpretação que faz dos poderes constitucionais do Chefe de Estado". Foi destacada ainda a "sua larga experiência política, tão necessária num momento como o que vivemos".
O mesmo texto de apoio a Marcelo destaca ainda "o conhecimento, académico e profissional, da Lei Fundamental do País", bem como "a valorização que faz dos compromissos estruturantes que são condição essencial para a credibilidade externa de Portugal" e ainda "a especial importância que sempre conferiu à lusofonia e ao universalismo de Portugal".
Passos vai a votos no PSD
O Conselho Nacional do PSD de ontem confirmou também que Passos Coelho vai a votos para a liderança do PSD - como avançou o DN - a 5 de março. O atual líder não deve enfrentar grande oposição interna, tendo a seu favor o facto de ter ganho as eleições legislativas.
No que diz respeito ao XXXVI Congresso do partido, este realizar-se-á nos dias 1,2 e 3 de abril, em Espinho, concelhia de origem do líder parlamentar, Luís Montenegro. De acordo com os estatutos, o Congresso devia realizar-se em fevereiro, mas uma vez que existem eleições presidenciais a 24 de janeiro (com possibilidade de uma segunda volta em fevereiro), as diretas foram marcadas para março e o congresso para abril. Neste mês, o governo do PS também deverá ter de entregar um Programa de Estabilidade em Bruxelas, sendo expectável alguma tensão entre os partidos de esquerda que se uniram no parlamento.
O PSD quer rentabilizar esse momento, reforçando a legitimidade de Passos Coelho com uma consagração em Congresso, após expectável vitória expressiva nas diretas.
Novo líder com novo presidente
O Regulamento do Congresso, que também será aprovado no Conselho Nacional, estabelece como data limite para a entrega de candidaturas à liderança do PSD, às 18h00 de dia 1 de março de 2016, quatro dias antes das diretas.
Pode ser mera coincidência ou entendido com simbolismo político. Curioso é que a oficialização da eleição do presidente do PSD (através da publicação em Povo Livre) vai ocorrer, pelo cronograma definido, no dia em que toma posse o novo Presidente da República: 9 de março.
Marco António confirma candidatura de Passos
A meio do Conselho Nacional, Marco António Costa confirmou que Passos Coelho tinha confirmado a sua recandidatura à liderança, lembrando que há ainda mais de 70 dias para surgirem outras candidaturas. O vice-presidente do PSD acredita que estão reunidas as condições para a "mobilização das bases do partido" e que a candidatura do atual líder mantém o "traço reformista", e com um "opção clara de vocação europeísta e atanticista".
Marco António lembrou ainda que Passos fez uma análise da situação política, dando ênfase ao "legado deixado ao país por PSD e CDS", que deixaram Portugal numa "trajetória de crescimento".
Quanto à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, Marco António Costa diz que "no atual contexto político e atendendo às candidaturas que se apresentaram" o PSD não tem "dúvida nenhuma" que a que reúne mais condições para ter o apoio do partido é a do antigo líder social-democrata.
Eram 01h15 quando o Conselho Nacional do PSD aprovou o apoio a Marcelo por unanimidade e aclamação.
O apoio do CDS
No CDS o apoio também foi inequívoco. Portas apelou mesmo, perante o Conselho Nacional dos centristas, o "maior empenho" numa vitória à primeira volta "para evitar mais sobressaltos".
O apoio, como garantiu ao DN um dos vice-presidentes do CDS, será "discreto, com poucas aparições públicas de figuras mais conhecidas", de forma a não comprometer a "natureza independente e abrangente" da candidatura do professor. Mas as máquinas partidárias vão estar no terreno durante a campanha na mobilização de multidões para as iniciativas de Marcelo.
Em declarações aos jornalistas, antes do início da reunião magna do partido, Paulo Portas, alertou para a "circunstância especial" que o país está a viver. "Portugal tem neste momento uma circunstância muito particular. Tem um presidente da Assembleia da Republica socialista, primeiro ministro socialista, um governo socalista, um presidente da câmara municipal de lisboa socialista. Não há vantagem em acrescentar também um Presidente da República socialista. Ainda mais com Marcelo Rebelo de Sousa tem sido tão caloroso e abrangente com todos os portugueses", salientou. Este argumento contraria, no entanto, a conhecida ambição de Francisco Sá Carneito em ter "uma maioria, um governo, um presidente".
Apesar do consenso na sala acerca da recomendação de voto em Marcelo Rebelo de Sousa, ainda se ouviu um "Vivó Rei" de um conselheiro de Lisboa que está "desiludido" com o "estado da República".Os centristas ainda não marcaram a data do Congresso. Foi agendada uma reunião para janeiro, na qual esse calendário será decidido.
Notícia atualizada às 01h18