Nóvoa: "Por cada português que saiu, há um aqui que pode fazer a diferença"
Comício no Porto com fortes apelos ao voto, também dos jovens. Dos que partiram e em nome dos que não podem votar lá fora.
O Hino Nacional já tinha tocado, Sampaio da Nóvoa já tinha agradecido e discursado, quando voltou ao microfone, um gesto que se foi repetindo durante a campanha, para invetivar os presentes: "Não arranjem apenas mais um voto no domingo, arranjem muitos mais", atirou, esta quinta-feira à noite.
De sorriso largo, com a voz mais rouca, o candidato lançou - no penúltimo comício da campanha, no pavilhão do Académico, no Porto, perante umas 900 pessoas -, um forte apelo ao voto dos indecisos, insistindo que é possível uma segunda volta. Para compensar também aqueles, que fora do país, não conseguem votar.
"Permitam-me que fale aos eleitores que ainda estão indecisos e que estão a pensar em que não valha a pena votar e que lhes diga que, por cada português que saiu e tem muitas vezes dificuldade em votar, há um português aqui que pode com o seu voto fazer a diferença nestas eleições", defendeu.
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Os jovens foram uma preocupação central no discurso desta quinta-feira: "Não podemos, mas não podemos mesmo, continuar a condenar os jovens ao desemprego, a estágios não remunerados, a baixos salários, à precariedade e à emigração", defendeu.
Nóvoa também lembrou os "jovens portugueses que saíram" para lhes dizer "que é preciso votar para poder voltar". Acrescentado: "Precisamos que voltem para nos poderem ajudar a fazer o país desenvolvido com que todos sonhamos."
O sonho é o de uma maratona que só acabará a 14 de fevereiro, a data apontada para a segunda volta. Como explicou Sampaio da Nóvoa - que teve a companhia da atleta Rosa Mota durante todo o dia - "quem ganha uma maratona, como a Rosa Mota ganhou tantas vezes, não é o que anunciou a vitória ou que gastou a energia toda no início, mas o que teve como estratégia marcar o ritmo da corrida até ao fim".
Depois, continuando com a imagem da prova, o antigo reitor da Universidade de Lisboa recusou que se faça destas eleições "uma meia-maratona" e que "é preciso saber reconhecer o momento decisivo que vai clarificar a corrida. E esse momento decisivo está aqui hoje: aquele em que apenas dois candidatos continuarão em prova".
"Para Portugal uma meia-maratona é pouco. O país merece uma campanha completa, disputada e esclarecedora do princípio ao fim", defendeu. E só há um fim possível: "Ou ganha o candidato apoiado ainda hoje por Paulo Portas, e há poucos dias por Passos Coelho, ou ganha esta candidatura".
Antes de Nóvoa falou Ramalho Eanes que, numa longa intervenção de mais de 37 minutos, descreveu o candidato ao lugar que já foi seu como um "cidadão impar" mas "um cidadão como qualquer" um dos presentes. "Sampaio da Nóvoa é um dos meus, é um dos nossos", justificou-se, num discurso que recuperou a biografia do candidato, citou elogios de outros e deixou a sala a rir com observações feitas.
Os socialistas Elisa Ferreira e Manuel Pizarro também intervieram numa noite, deixando fortes apelos à votação. Também o presidente do PS, Carlos César, esteve presente, sentado ao lado de Nóvoa, mas sem usar da palavra. No final sinalizaria à Lusa o "ritmo de perda" nas sondagens do candidato apoiado pelo PSD e CDS, criticando a "forma ligeira e às vezes leviana como Marcelo Rebelo de Sousa encarou uma eleição tão importante para o destino de Portugal".