NATO reabilita cais único para submarinos e navios nos Açores

Infraestrutura em Ponta Delgada apresenta estragos estruturais. Recuperar condições de segurança e operacionalidade custará 5,4 milhões de euros.
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O cais da NATO no porto açoriano de Ponta Delgada, o único ponto de apoio com condições de reabastecimento de navios e submarinos militares entre os EUA e a Europa, vai ser renovado, depois de a NATO ter dado luz verde a um pedido de financiamento do governo português. Segundo fontes do Ministério da Defesa, a reparação, avaliada em 5,4 milhões de euros, será aprovada no Conselho de Ministros desta ou da próxima semana.

As obras naquele cais tornaram-se necessárias depois dos estragos estruturais provocados pelo mau tempo - em especial no inverno de 2015/2016 - e que agravaram o estado deficiente da infraestrutura aliada, explicou uma das fontes ouvida pelo DN.

As obras de recuperação das condições de segurança e operacionalidade do cais da NATO em Ponta Delgada vão agora ser objeto de um concurso público internacional, cujo lançamento será feito depois de aprovada a resolução do Conselho de Ministros.

A decisão visa complementar as obras de recuperação do porto de Ponta Delgada - em que num dos extremos se situam os cerca de 300 metros do cais da NATO - pela empresa pública regional Portos dos Açores. O assunto foi, aliás, um dos temas principais do encontro realizado em Lisboa, no início do mês, entre o ministro da Defesa e o secretário regional dos Transportes e Obras Públicas, Vítor Fraga.

Futuro das Lajes

A decisão aparenta enquadrar-se também na abordagem que, segundo disse ontem o ministro Azeredo Lopes durante a visita a Ponta Delgada, Portugal tem de assumir no contexto das relações com os Estados Unidos da América por causa da base da Base das Lajes. "Cabendo a Portugal dar o seu contributo para que as coisas não bloqueiem", Azeredo Lopes argumentou que os dirigentes políticos devem "propor também hipóteses de trabalho ou soluções concretas que envolvam o investimento do Estado português e possam interessar" aos Estados Unidos - como será o caso do cais NATO ou o futuro Centro de Pesquisa Internacional dos Açores (AIR Center, em inglês).

Azeredo Lopes lembrou depois os "compromissos assumidos" no ano passado por Lisboa e que envolvem a "certificação civil" da base aérea, a desafetação de terrenos na ilha Terceira e a possibilidade de reforçar o número de voos civis naquele aeroporto.

"Roma e Pavia não se fizeram num só dia, a base das Lajes está a seguir o devido caminho" e, continuou o ministro, "os números já mostram um impacto muito positivo dos voos regulares" para o aeroporto. Azeredo Lopes destacou ainda a importância de "articular a natureza militar" de uma infraestruturda "tida como estratégica e ao mesmo tempo aproveitar as capacidades sobrantes para ter ali um instrumento muito útil" de modernização e desenvolvimento económico da ilha Terceira.

A visita de Azeredo Lopes aos Açores centrou-se em instalações do Exército em Ponta Delgada e que vão ser objeto de "reorganização funcional e espacial" - ao longo de sete anos e com um investimento de 9,4 milhões de euros.

Na base da proposta do Exército está a necessidade de melhorar a capacidade do ramo para executar missões de interesse público em apoio das autoridades civis locais e regionais. Para isso, vão ser transferidas e concentradas diversas capacidades no Quartel de São Gonçalo (e melhoradas as respetivas condições de habitabilidade aos militares).

"A ideia clara é investir, melhorar e sobretudo reforçar tanto quanto possível as capacidades" da instituição militar, disse o ministro, pelo que "estamos também a reforçar a possibilidade de atrair e de consolidar a presença e a permanência das Forças Armadas nas regiões autónomas".

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