Médicos de família querem seguir mulheres operadas há mais de cinco anos
A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar defende que devem ser os centros de saúde a seguir as doentes operadas a tumores da mama há mais de cinco anos, desde que se trate de casos sem complicações.
No final do ano passado, a Sociedade Portuguesa de Senologia e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) chegaram a um consenso nesta área, num documento em que defendem que os médicos de família podem seguir doentes oncológicas, mas apenas "quando estamos a falar de casos com mais de cinco anos, que sejam simples, que estejam a evoluir bem e sempre com via verde aberta, ou seja, em que a doente pode sempre ser novamente referenciada para o hospital de origem", especifica o presidente da APMGF.
Para Rui Nogueira, esta política da radiologia do IPO insere-se neste objetivo de retirar pressão aos hospitais, para libertar meios para os casos mais prioritários e aumentar a capacidade de resposta de primeiras consultas.
Nesse sentido, o Instituto de Oncologia de Lisboa está a preparar um protocolo de referenciação com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, para que os médicos de família possam fazer o acompanhamento integral das mulheres sobreviventes ao cancro da mama. Um universo que é cada vez maior: mais de 80% das doentes mantêm-se livres da doença passados cinco anos da operação.
"Pode parecer contraditório, mas esta situação do IPO tem por base boas notícias, quer dizer que a sobrevida está a aumentar. Mesmo o facto de termos cada vez mais doentes oncológicos indica que temos mais capacidade de diagnóstico, que os doentes vivem mais tempo, que tratamos melhor. São sinais positivos", considera Rui Nogueira.
Um relatório do Fundo Mundial para a Pesquisa do Cancro, conhecido ontem, prevê que o número de novos casos de cancro a nível global aumente 58% em 2035, à medida que mais países adotam estilos de vida e de alimentação ocidentais.
A Unidade de Radiologia Mamária do IPO Lisboa assegura exames como mamografias e biopsias (nomeadamente biopsias de aspiração por vácuo, que só são realizadas ali) às doentes não só do instituto, mas também dos hospitais da zona sul.
Só na área da mama, o IPO realiza mais de 16 mil exames radiológicos por ano.