Marcelo vai doar lucro da campanha a instituição de solidariedade

A campanha do Presidente eleito não só foi barata como até deu lucro. Sobraram 45 mil euros que Marcelo doará a IPSS
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Quarenta e cinco mil euros. Foi este o lucro que a campanha presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa gerou, se fizermos a subtração entre receitas e despesas (ver quadro). Esses 45 mil euros estão numa conta bancária e resultaram de quatro donativos: um do próprio Marcelo (vinte mil euros), dois, de dez mil euros cada, dos seus dois irmãos, Pedro e António, e um, de cinco mil euros, do responsável pelas contas da campanha, Manuel de Brito.

Como afinal a subvenção do Estado, calculada em função dos votos obtidos, foi quase suficiente para pagar as despesas, não foi preciso mexer nesses donativos. E Marcelo Rebelo de Sousa já decidiu: irá doar o dinheiro a uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS).

Qual? Isto é algo que o Presidente da República por ora não revela, embora vá adiantando que já tem uma ideia bem formada (e confessando até pelo meio que quando esteve em Moçambique pensou em fazer lá a doação). Marcelo tem uma ideia mas quer pensar bem no assunto, até para não ferir suscetibilidades (às IPSS que não receberem a doação). O que já está decidido é a data em que fará essa doação: quando passar exatamente um ano sobre o dia da sua eleição como Presidente da República, a 24 de janeiro de 2017.

Fazendo as contas às contas finais da campanha presidencial, já tornadas públicas desde junho, o que se verifica é que, entre os cinco principais candidatos (Marcelo, Nóvoa, Marisa Matias, Maria de Belém e Edgar Silva), a do Presidente eleito foi, de longe, a mais barata de todas. E não só a mais barata como também a mais rentável, caso se divida a despesa feita pelo número de votos obtidos. Cada voto custou a Marcelo 0,07 euros. Dito de outra forma: com o dinheiro gasto em nove votos paga-se um café. Fazendo este ratio verifica-se, entre os cinco mais votados, que foram de Maria de Belém e Edgar Silva as campanha menos rentáveis: 2,7 euros por voto na da ex-ministra da Saúde; 3,2 na do candidato do PCP.

No global, quem teve a campanha mais danosa de todas foi um empresário, o ex-deputado do PS Henrique Neto: 6,4 euros por voto e um saldo negativo de 180 mil euros. Em números absolutos, porém, o desastre esteve mesmo na campanha de Maria de Belém. Como teve um score abaixo dos 5% não recebeu subvenção pública - e o prejuízo foi de quase 450 mil euros. A campanha de Edgar Silva também acabou por não receber apoio estatal - mas neste caso o PCP cobriu o saldo negativo.

A campanha de Marcelo deu lucro - mas não foi a única. Entre receitas e despesas, a de Sampaio da Nóvoa também deu - e mais do que a de Marcelo, cerca de 83 mil euros (o DN tentou, em vão, saber junto do candidato como procedeu com este excedente).

Seja como for, Marcelo fez uma campanha de um baixo custo sem paralelo - mas houve desvios em relação ao inicialmente previsto. No orçamento apresentado na Entidade das Contas e Financiamentos Político, o candidato previa gastar 157 mil euros, mas de facto acabou por gastar 179 mil. Sampaio da Nóvoa excedeu ainda mais as previsões iniciais (cerca de 182 mil euros). Já Marisa Matias, Maria de Belém e Edgar Silva, ao invés, gastaram menos no fim do que tinha orçamentado no princípio.

Legislativas custam o triplo

Outro dado relevante das contas da campanha prende-se com a verba total gasta pelos candidatos em comparação, por exemplo, com o que os partidos gastaram nas últimas eleições legislativas (2015). Em relação às presidenciais, esses números apontam para um total de cerca de 2,8 milhões de euros. Já nas legislativas - e só falamos das formações que conseguiram eleger deputados - o montante total ascendeu a cerca de 9,8 milhões de euros. Dito de outra forma: gasta-se mais do triplo nas eleições legislativas do que nas presidenciais.

Ao todo, o Estado gastou nas presidenciais, em subvenções para os três candidatos que reuniram condições para as receber (Marcelo, Nóvoa e Marisa Matias), cerca de 1,35 milhões. Quase o dobro (2,6 milhões) foi o que recebeu do Estado apenas uma formação candidata nas últimas legislativas, a coligação Portugal à Frente, formada entre o PSD e o CDS.

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