Marcelo quer solução equilibrada entre retoma e solidariedade
O Presidente frisou a necessidade de solucionar "problemas sociais que temos que resolver, nem que isso custe o atraso" da economia nacional.
Marcelo Rebelo de Sousa pediu na tarde desta segunda-feira que seja encontrada uma "solução equilibrada" que consiga dar resposta ao rigor financeiro sem perder de vista os problemas sociais mais graves que estão a afetar as famílias portuguesas. O Presidente da República reconheceu que a saída da crise "não vai ser rápida nem fácil", admitindo que irá "demorar anos", pelo que considera "uma ilusão" pensar que um dia o fim da crise será decretado e que "no dia seguinte passamos todos a ter emprego e somos todos felizes. Isso não existe", vincou.
Marcelo Rebelo de Sousa falava em Setúbal, no Dia Internacional da Caridade, durante a visita ao Centro Social de Nossa Senhora da Paz, no Bairro da Bela Vista, tendo marcado presença na assinatura de um protocolo entre a Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade e a Cáritas Diocesana de Setúbal para o funcionamento do Centro de Acolhimento de Nossa Senhora da Misericórdia. Um novo espaço que vai acolher, de forma temporária, mulheres vítimas de violência e mães adolescentes e jovens grávidas em situação de risco. A nova estrutura deverá entrar em funcionamento até ao final deste ano.
Reconheceu que a forma mais fácil de ultrapassar a crise seria apostar no crescimento económico, tendo por base a contenção durante quatro a seis anos, para assegurar prontamente que tal medida não estaria a contemplar os mais carenciados. "As pessoas têm que viver até chegar esse dia. Os mais velhinhos pensarão que daqui a cinco ou seis anos não sabem exatamente onde estarão. Os mais novinhos dirão "como é que nós vamos viver durante estes quatro, cinco, seis anos?" Exemplificou Marcelo, para pedir "algumas medidas sociais". Concorda que poderão tornar um pouco mais lento o crescimento económico, mas avisa que "há aqui problemas sociais que temos que resolver, nem que isso custe o atraso".
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Daí que o desafio passe, segundo o Chefe de Estado, por encontrar o "meio-termo entre aquilo que seria o ideal". Ou seja, a aposta numa solução que aponte ao crescimento económico e que ao mesmo tempo se olhe para as pessoas mais carenciadas.
Depois de ouvir o testemunho de um casal que relatou as suas dificuldades económicas apenas para a sala da cerimónia, alertou que a saída da crise "não pode ser encarada de ânimo leve", por ser uma situação "difícil e complexa" , dando o exemplo das pessoas que apenas encontram empregos precários e até das que não encontram qualquer trabalho.
"A luta contra a exclusão e risco de pobreza continua a ser uma urgência na nossa sociedade", referiu, elogiando a nova casa de acolhimento sadina, preparada para receber quatro jovens entre os 13 e 19 anos, enquanto lamentava que à "velha pobreza" se tenha juntado a "nova pobreza", que atingiu a classe média. Recorreu à expressão do Papa Francisco utilizada ontem para adjetivar a pobreza como "crime dos nossos tempos".