Marcelo e Sampaio na ONU a fazer 'lobbying' por Guterres

Candidatura de última hora da vice-presidente búlgara da Comissão Kristalina Georgieva vista como cada vez mais improvável
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O aparente falhanço da búlgara Kristalina Giorgieva em concorrer ao cargo de secretário-geral da ONU torna ainda mais improvável o aparecimento de uma candidatura surpresa nesta fase do processo, consideraram ontem fontes diplomáticas ouvidas pelo DN.

Contrariando as expectativas criadas desde o fim de semana, apontando para uma mudança de posição da Bulgária, o chefe do governo de Sofia manteve ontem o apoio à também búlgara Irina Bukova até à próxima votação secreta do Conselho de Segurança, no próximo dia 26. A vice-presidente da Comissão Europeia Kristalina Georgieva foi objeto de um quase veto russo à sua candidatura no fim de semana.

A votação de dia 26 - a quinta e última das votações informais do Conselho de Segurança, só com nove dos 12 nomes iniciais - vai decorrer já com dezenas de chefes de Estado e de governo presentes na sessão de abertura da Assembleia Geral que se inicia dias antes, entre os quais o português Marcelo Rebelo de Sousa, em cuja comitiva vai estar o antecessor Jorge Sampaio (ex-alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações) a fazer também um último esforço diplomático em prol da candidatura de António Guterres.

"O Presidente não desperdiça um momento" ou oportunidade para "valorizar" a candidatura de António Guterres, sublinhou uma das fontes ouvidas pelo DN, admitindo como possível que esse dossiê possa ser abordado hoje e amanhã por Marcelo durante a estada na Bulgária.

O Chefe do Estado português chegou ontem a Sofia para participar numa reunião do Grupo de Arraiolos, composto por Finlândia, Alemanha, Hungria, Eslovénia, Malta, Itália, Letónia e Polónia.

Tendo como anfitrião o presidente da Bulgária, presentes vão estar dois países que surgiram após sexta-feira - dia em que António Guterres voltou a vencer de forma clara a quarta votação secreta - como apoiantes e/ou proponentes da candidatura de Georgieva: Alemanha e Hungria.

Segundo um dos diplomatas ouvidos pelo DN, a posição alemã não deverá criar atritos com os outros países da UE que têm candidatos oficiais ao cargo de secretário-geral da ONU. Por um lado, "não há uma posição comum" dos 28 Estados membros sobre essa eleição. Por outro, estes países da Europa Ocidental e de Leste, que "são um bloco" no Velho Continente, "formam dois blocos nas Nações Unidas" - e Angela Merkel "vem do Leste".

Depois, assinalou a mesma fonte, está em causa a vontade de Berlim - que pretende ser membro do Conselho de Segurança, tendo hoje tanto peso como o Reino Unido e a França - em se afirmar na cena internacional, pela sua dimensão económica e influência política.

Certo, segundo outra das fontes, é que Guterres continua "bem colocado" como "candidato de compromisso" para um Conselho de Segurança cujos membros permanentes - que começam a usar cartões coloridos a partir da votação de 3 de outubro - "têm obrigação de apresentar um nome à Assembleia Geral, (...) interesse em mostrar que funcionam e não criam uma crise por nem um secretário-geral conseguirem propor".

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