Manifestações contra os fogos e por melhores políticas
A maioria dos eventos foi convocada através das redes sociais e decorreram em pelo menos dez distritos: Lisboa, Porto, Aveiro, Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Braga, Guarda e Bragança.
Manifestantes envolvem-se em desacatos em Lisboa
Vários manifestantes envolveram-se hoje em cenas de pancadaria na Praça do Comércio, em Lisboa, onde, pelas 16:15, teve início um protesto em defesa da floresta e homenagem aos mortos nos incêndios deste ano.
No local, a agência Lusa testemunhou vários cidadãos a envolverem-se em confrontos, junto à estatua do Rei D. Jose I, tendo obrigado à intervenção de cerca de uma dezena de agentes policias.
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Pedro Fortunato, um dos envolvidos hoje nos confrontos na Praça do Comércio, explicou que estes começaram quando foi impedido por um outro grupo de cidadãos de desenrolar uma faixa, onde se lia "os culpados são os governos PS e PSD/CDS".
Segundo Fortunato, um dos seus amigos, que também participava na manifestação, foi pontapeado e lançado ao chão por um grupo de pessoas que contestavam o facto de ele culpabilizar o governo PDS/CDS.
Pedro Fortunato afirmou aos jornalistas que "é tanto culpado o atual Governo, como o anterior", relativamente à situação trágica dos incêndios, que este ano assolou o país.
Depois dos incidentes, o protesto prosseguiu em silêncio. As altercações foram um tom dissonante de um protesto calmo e sem grandes palavras de ordem.
Manifestação silenciosa junta mais de 1.500 pessoas em Viseu
Mais de 1.500 concentraram-se hoje no Rossio de Viseu, numa manifestação silenciosa intitulada 'Portugal contra os Incêndios', onde despontaram vários cartazes e algumas rosas brancas, em memória das 44 vítimas mortais do último domingo.
"Renascer das cinzas, "Força Portugal" e "Obrigada a todos os que lutaram contra o fogo" são algumas das frases que se podiam ler em cartazes que vários populares empunham em frente à Praça da República, junto à Câmara de Viseu.
Vários outros cartazes recordavam os concelhos do sul do distrito de Viseu, que mais foram castigados pelas chamas do último domingo e de onde são provenientes a grande parte dos manifestantes silenciosos.
Duas dezenas de 'motards' fizeram uma 'guarda de honra' aos bombeiros presentes que acabaram por ser aplaudidos em jeito de homenagem e agradecimento pelo combate desigual às chamas que assolaram vários pontos do país.
A mobilização para a homenagem silenciosa nasceu pela mão de Paulo Pinheiro, de Tibaldinho, concelho de Mangualde, que decidiu criar um evento na rede social Facebook à medida que as imagens das chamas lhe eram trazidas pela televisão.
"Toda a gente esperava por uma coisa destas, eu só dei o primeiro passo, mas havia desde logo muita gente para ajudar. Para este evento contávamos há pouco com 2.500 pessoas a dizer que viriam, 8 mil tinham intenção de vir, num total de 15 mil convidados", informou.
Manifestação em Leiria exige Força Área no combate aos fogos
O grupo de pessoas que hoje se reuniu na Praça Rodrigues Lobo, em Leiria, para protestar contra os incêndios, apelou à utilização da Força Aérea no combate aos fogos.
Aderindo à manifestação nacional "Portugal Contra os Incêndios", que se está a realizar em várias cidades do país, a organização de Leiria exibiu cartazes a pedir a utilização da Força Aérea - "que tem os melhores pilotos e meios" para o combate aos fogos florestais.
A Praça Rodrigues Lobo encheu-se para apoiar a causa, tendo o grupo de manifestantes seguido para a Igreja de Santo Agostinho, onde foi realizado um minuto de silêncio pelas vítimas dos incêndios.
Cartazes com frases como "Estamos de luto" e "Mais proteção" e muitas bandeiras de Portugal coloriram a praça central de Leiria.
Alguns testemunhos apelaram a uma mudança de política florestal por parte do Governo e a uma maior atenção para a proteção civil.
Num ato simbólico, a organização plantou ainda um carvalho no Jardim de Santo Agostinho.
Perto de um milhar apelou em Braga ao "bom uso" do dinheiro público
A manifestação contra os incêndios, em Braga, reuniu perto de um milhar de pessoas e foi marcada por incentivos aos bombeiros e apelos para que o dinheiro público "tenha bom uso" e "seja usado na floresta, não nos bancos".
Reunidos na principal praça da cidade, os manifestantes ouviram o hino de Braga, tocado pela orquestra da Gulbenkian, percorrendo depois as ruas do centro histórico até à Praça do Município, onde fica a Câmara Municipal, num cortejo dividido em dois grupos, um a passo de palavras de ordem e um outro pautado pelo silêncio, muito silêncio.
A concentração reuniu pais com bebés ao colo, "pelo desejo que cresçam num país com floresta", gente já sem idade e muita juventude.
"Nunca na minha vida vi uma coisa como aquela que se viu em Braga no domingo, menina. O fogo parecia que vinha engolir a cidade, mas felizmente ficou nas matas", descreveu Maria dos Anjos.
Em Braga, ninguém morreu e "apenas" uma casa ardeu, mas o medo, "o medo foi muito", confessou Albertino, mão entrelaçada em Maria.
"A nossa casinha fica junto ao Sameiro. Pensámos que íamos ficar sem nada, uma vida de trabalho. As paredes de fora ficaram negras, mas foi só isso. Foram os anjos por nós", disse.
Milhares de pessoas em cordão humano na Praia da Vieira
Alguns milhares de pessoas formaram hoje um cordão humano ao longo de várias centenas de metros na ciclovia da Estrada Atlântica, na Praia da Vieira, concelho da Marinha Grande, distrito de Leiria, em protesto contra os incêndios no país.
A iniciativa criada individualmente por uma moradora em Leiria ganhou dimensão na internet. A partir da manifestação na Praia da Vieira de Leiria, outras foram lançadas na região, fortemente atingida pelos incêndios de 15 e 16 de outubro, em que foram consumidos mais de 18 mil hectares de floresta.
"A ideia surgiu porque sou mãe e fiquei muito indignada com a quantidade de mortos e por não haver ninguém responsável por isso", disse Alexandra Cabral, nos primeiros minutos do protesto silencioso.
A responsável pela iniciativa lembrou a "zona desoladora" em que se transformou o Pinhal de Leiria e assumiu esperar que o cordão humano ajude a encontrar respostas.
"Se fizer alguma coisa de mal a alguém, sou responsabilizada. Aconteceram muitas coisas más aos portugueses e ninguém é responsabilizado por isso. Eu preciso de respostas, preciso de responder aos meus filhos", disse Alexandra Cabral, que ficou surpreendida com a resposta à iniciativa.
Mais de um milhar de pessoas no Porto para dizer "Basta!"
Mais de um milhar de pessoas concentrou-se hoje na avenida dos Aliados, no Porto, para dizer "Basta!" aos incêndios florestais e demonstrar solidariedade com as vítimas dos fogos que assolaram recentemente o país.
Com cartazes, faixas pretas e bandeiras de Portugal, as pessoas foram-se juntando junto à estátua de Almeida Garrett e depois descendo os Aliados, onde, praticamente em silêncio, quiseram mostrar "indignação" pelo que aconteceu no domingo, quando as centenas de incêndios provocaram a morte de 44 pessoas e cerca de 70 feridos, já depois de Pedrógão Grande, em junho, em que o fogo provocou 64 mortos.
Carlos Freire deslocou-se de Cête, concelho de Paredes, ao Porto. Sozinho, em "solidariedade, para com as vítimas deste flagelo" que assolou Portugal, afirmou sentir "a falta de um Estado que cuida do povo".
"Não perdi a confiança no Estado, mas sinto que tem que se fazer mais e é possível fazer mais: não deixar que morram 100 pessoas, não deixar que arda uma floresta, fazer para com que este povo sinta orgulho de ser português", sustentou.
Dezenas de pessoas, a maioria estrangeiros, pediram "mudança" em Pedrógão Grande
Largas dezenas de pessoas, a maioria estrangeiros, juntaram-se hoje no Jardim da Devesa, em Pedrógão Grande, numa concentração pacífica a pedir por uma mudança na floresta da região.
"E agora?", era a pergunta lançada num cartaz à porta do jardim, na sede do concelho devastado por um incêndio em junho.
Dentro da Devesa, largas dezenas de pessoas juntaram-se para pedir mudança - apelo lançado maioritariamente em inglês pela comunidade estrangeira que reside no norte do distrito de Leiria.
"Nada vive com os eucaliptos. Não se ouvem os pássaros a cantar, não se veem outros animais ou outras árvores. É como se fosse um relvado que se corta e que se vende, de dez em dez anos", protestou Judith Irwin, de 68 anos, que vive em Figueiró dos Vinhos.
Duas centenas de pessoas pedem em Coimbra "Respeito por Portugal"
Duas centenas de pessoas pediram hoje em Coimbra "Respeito por Portugal", numa iniciativa pacífica de homenagem às vítimas dos incêndios florestais.
Num ambiente tranquilo, as pessoas reuniram-se na praça 8 de Maio, e, depois de cinco minutos de silêncio, uma salva de palmas e a entoação de "A Portuguesa", foram discursando livremente, com constantes apelos a uma reforma florestal efetiva, que consiga atenuar os efeitos dos incêndios.
Com flores brancas e alguns pequenos cartazes -- "Fim do negócio do fogo", por exemplo -, vários dos presentes na ação simbólica assinaram também uma petição com diversas propostas, a entregar na Assembleia da República.
Maria Isabel, que viajou de Penacova, um dos municípios afetados pelos incêndios de domingo e de segunda-feira, disse estar presente na iniciativa, não tanto em protesto, mas sobretudo como homenagem àqueles que morreram, tanto agora como nos fogos de junho, que começaram em Pedrógão Grande.
"Foi um verão triste, com muitas vítimas. Quero homenageá-las e pedir melhorias neste sistema", explicou.
Castelo Branco manifesta pesar e recolhe bens para região Centro
Mais de uma centena de pessoas concentraram-se hoje no centro cívico de Castelo Branco, numa manifestação de pesar pelas vítimas mortais dos incêndios e recolheram bens para os concelhos de Oleiros, Sertã, Nelas e Oliveira do Hospital.
Este movimento espontâneo de cidadãos juntou-se à manifestação nacional "Portugal Contra os Incêndios", que se está a realizar em várias cidades do país, sendo que além de manifestarem pesar pelas vítimas mortais dos incêndios, estão a recolher bens para serem distribuídos pelas vítimas nos concelhos de Oleiros e Sertã (distrito de Castelo Branco), Nelas (Viseu) e Oliveira do Hospital (Coimbra).
"Este é um movimento absolutamente espontâneo de cidadãos cujo único critério para estar aqui presente é ter bom coração e ter sentido aquilo que se passou no combate aos incêndios e que levou à morte de mais de cem pessoas", disse a organizadora do movimento, Ana Rita Calmeiro.
Bandeiras, flores e velas em vigília promovida pela comunidade portuguesa na Dinamarca
árias dezenas de pessoas, incluindo o embaixador português Rui Macieira, participaram hoje em Copenhaga, capital da Dinamarca, na vigília promovida pela comunidade lusa residente naquele país nórdico, no âmbito da iniciativa "Portugal Contra os Incêndios".
Esta ação solidária e apartidária iniciou-se às 17:00 locais (menos uma em Portugal), para coincidir com as ações previstas, em Portugal e inspiradas no movimento "Portugal Contra os Incêndios", e teve lugar junto à embaixada portuguesa na capital dinamarquesa.
"O senhor embaixador, Rui Macieira, fez questão de estar connosco, agradeceu a iniciativa e juntou-se a nós em alguns minutos de silêncio que dedicámos às vítimas e familiares dos terríveis incêndios que vitimaram tantas pessoas no último fim de semana em Portugal", disse à agência Lusa Daniel Carvalho, um dos promotores da iniciativa.
Os participantes, estimados em algumas dezenas, na sua maioria portugueses, mas também da Galiza, Espanha, e dinamarqueses, levaram velas e flores, que depositaram junto à entrada da embaixada, num cenário composto por várias bandeiras portuguesas.
Manifestação solidária juntou cerca de 250 pessoas na Guarda
Cerca de 250 pessoas participaram hoje na cidade da Guarda numa manifestação de solidariedade para com as vítimas dos incêndios, que incluiu um minuto de silêncio e a formação de uma bandeira nacional gigante.
O protesto pacífico, realizado na praça Velha, no centro da Guarda, integrou, pelas 17:00, um minuto de silêncio em memória das vítimas dos fogos e a organização de uma gigante e simbólica bandeira humana, que ficou registada em fotografia e vídeo por um drone.
Na iniciativa do grupo de cidadãos "Basta! Por Um Futuro Sustentável!" participaram cidadãos anónimos, autarcas e políticos locais.