Jovem de 20 anos tem solução para os plásticos nos mares
Largou curso de engenharia aerospacial para desenvolver tecnologia que vai a teste em 2016
Em 1997, o navegador solitário Charles Moore tomou uma rota marítima pouco frequentada para viajar do Havai a Los Angeles e, ao atravessar o Pacífico Oriental, deparou-se com a terrível visão: um mar de detritos de plástico cobria completamente a superfície da água numa extensão de quilómetros a perder de vista, que ele levou vários dias a atravessar. Foi assim, por acaso, que se ficou a saber do continente flutuante de resíduos de plástico do Pacífico. Porquê naquele local? Sendo uma zona de convergência de correntes oceânicas é para ali que o lixo é empurrado. Sabe-se hoje que aquela não é a única ilha de plástico nos mares do planeta. Isso acontece em todos os oceanos, até no Mediterrâneo, pelos mesmos motivos. E como o plástico é um material que pode durar muitas centenas de anos sem se degradar, está a acumular-se nos mares desde meados do século passado, à razão, nesta altura, de oito milhões de toneladas ao ano. Estonteante e, aparentemente, inelutável. Mas será mesmo?
Não, diz um jovem holandês de 20 anos chamado Boyan Slat que largou um curso de engenharia aerospacial para desenvolver uma tecnologia que ajude a resolver o problema - ele é mergulhador e conta que um dia, no fundo marinho junto a uma ilha grega, viu mais plástico do que peixes. Três anos depois de lançar mãos à obra, Boyan Slat tem um protótipo pronto, que já experimentou com sucesso em ambientes aquáticos restritos, e que pretende agora testar pela primeira vez em mar aberto, em 2016, perto do Japão.
O seu dispositivo é uma espécie de cortina que se estende por dois quilómetros, em forma de V, e que no topo tem uma plataforma que extrai o plástico apanhado na rede, para futura reciclagem. "Com 100 quilómetros de redes destas", diz o jovem, "metade da ilha de plástico do Pacífico poderia ser eliminada em 10 anos". Falta a prova dos nove. Se tudo correr como previsto, 2016 é o ano em que ela começará a ser feita.
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