Dos quatro casos de legionella detetados no Hospital Cuf Descobertas, em Lisboa, dois foram diagnosticados em funcionárias do hospital, informou este domingo o diretor clínico adjunto da unidade privada, Paulo Gomes..O primeiro caso de legionella no hospital foi detetado na madrugada de ontem, numa doente que se dirigiu ao hospital com um quadro "compatível com uma pneumonia", que depois viria a revelar-se causada pela bactéria da legionella. Como a doente tinha estado internada no hospital há poucas semanas, foram "desencadeados todos os procedimentos e protocolos de segurança", informou o responsável. Questionado sobre se o hospital admite que podem haver mais casos da doença nos próximos dias, o diretor clínico adjunto disse apenas que "está tudo em aberto" e afirmou: "estamos a agir como se a origem do surto seja no hospital"..Duas das doentes a quem foi diagnosticada legionella são auxiliares de ação médica na unidade hospitalar. "Foram feitas colheitas, quer da nossa parte, quer da parte da autoridade de saúde, de amostras em todo o hospital". Os resultados deverão ser conhecidos em breve..O mesmo responsável acrescentou que, ao contrário do que aconteceu no Hospital São Francisco Xavier, origem de um surto de legionella que fez seis vítimas mortais, o problema na Cuf Descobertas "não é de climatização". "Não temos torres de arrefecimento, não temos essa fragilidade. O nexo de causalidade, a existir, é nos sistemas de águas sanitárias". O sistema já foi entretanto esterilizado, com recurso a um "choque químico" - aumento da concentração de cloro - e um "choque térmico" - subida da temperatura das águas, esclareceu Paulo Gomes..O diretor clínico adjunto pediu ainda a quem tenha estado nas últimas duas semanas no hospital para que se dirija à unidade hospitalar caso apresente sintomas compatíveis com legionella, nomeadamente dificuldades respiratórias, sintomas de gripe ou diarreias..A Direção-Geral de Saúde informou em comunicado este domingo que tinha sido diagnosticados quatro casos de legionella no Hospital Cuf Descobertas. "Todos os doentes são mulheres e todas se encontram estáveis", informa a nota da DGS, divulgada este domingo.."As Autoridades de Saúde, em articulação com o Conselho de Administração do Hospital CUF Descobertas e em colaboração com o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge iniciaram a necessária intervenção junto do Hospital", refere ainda o comunicado, explicando que os objetivos nesta fase são o diagnóstico e tratamento de doentes, reforço da vigilância epidemiológica, reforço da vigilância ambiental e a implementação de medidas para interromper a transmissão da doença.."As entidades envolvidas continuam a acompanhar a evolução da situação e a Direção-Geral da Saúde atualizará a informação sempre que necessário", conclui a nota..Também em comunicado, o Hospital Cuf Descobertas, uma unidade hospitalar privada, informou que reportou "de imediato" os casos à DGS, acrescentando que dispões de "procedimentos de controlo epidemiológico e de segurança muito rigorosos que foram agora reforçados de forma preventiva".."O acompanhamento da situação está a ser feito em estreita articulação com as autoridades de saúde, estando a ser dada prioridade ao tratamento dos doentes, que se encontram estáveis e com prognóstico positivo"..Recorde-se que um surto de legionella com origem no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, infetou no passado mês de novembro mais de 50 pessoas e fez seis vítimas mortais..A bactéria 'legionella' é responsável pela doença dos legionários, uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A incubação da doença tem um período de cinco a seis dias depois da infeção, podendo ir até 10 dias..A infeção pode ser contraída por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.