Todos os dias, quase 39 mil pessoas passam pela Avenida da Liberdade, mais de quatro mil visitantes por hora nos períodos mais movimentados, o que a torna a rua mais popular do país, à frente da historicamente crepitante Rua de Santa Catarina, no Porto, ou de grandes artérias como a Rua Augusta (Lisboa) ou a Av. Aliados (Porto). Mudança que resulta da renovação desta zona - que nos últimos anos ganhou nova vida com a reabilitação imobiliária, a abertura de lojas das melhores marcas mundiais e a multiplicação de apartamentos de luxo -, que promete ser cada vez mais uma referência da cidade, quer para os lisboetas quer para quem vem de fora..Os números são revelados pela consultora Controlplan num estudo desenvolvido para a Avenue, promotora imobiliária do fundo americano Perella Weinberg. E confirma a qualidade dos investimentos que a Avenue tem feito no país. Com cem milhões de euros já investidos em aquisições nas zonas nobres de Lisboa e Porto, a promotora reforçou o orçamento para o próximo triénio em igual valor, que "pode ser reforçado em 50% caso se justifique", revela ao DN o presidente da empresa, Aniceto Viegas. "Apostámos em reabilitação e no segmento mais alto do mercado, agora queremos alargar a atividade à construção nova e ao segmento médio, no qual a procura é ainda tímida", afirma, acrescentando que a expansão passará também pelos escritórios, "onde a procura ultrapassa muito a oferta, especialmente em Lisboa"..Rejeitando a ameaça de bolha imobiliária - porque se compra mais com fundos próprios do que recorrendo a crédito e sobretudo porque "cada vez mais as casas vendem-se em planta, tudo o que aparece no mercado é imediatamente colocado, o que significa que a procura excede a oferta" -, o empresário sublinha que no ano passado foram feitas 160 mil transações, quase o dobro das registadas em 2012 mas longe das perto de 300 mil/ano anteriores à crise. "Estamos a recuperar de um nível extremamente baixo" e mesmo nos preços, nomeadamente nas melhores zonas de Lisboa e Porto, não há razão para alarde. "Não havia um referencial porque também não havia projetos destes. Em 2012, o preço do m2 no Chiado era de nove mil euros, valorizou-se para os 10/12 mil, mas hoje o aumento já não é tão expressivo.".Na Av. Liberdade, os oito mil euros por m2 são a atual bitola no segmento mais alto, o que resulta em igual medida da modificação e da visibilidade crescente da rua, quer entre portugueses quer entre estrangeiros - que já representam 40% a 45% dos compradores da Avenue. "São brasileiros, mas também franceses, ingleses, nórdicos. Há pouco tempo não havia ali habitação disponível - havia escritórios, lojas, hotéis, mas muito poucas casas - e isso ajudou a criar este fator de atração pela Av. Liberdade", justifica Aniceto Viegas, que junta a reabilitação profunda, o efeito do turismo ("os turistas passeiam mais a pé") e uma alteração nos hábitos de consumo com maior protagonismo para o comércio de rua aos argumentos para a popularidade crescente desta rua. "Os moradores trazem nova vida, porque deixa de haver quebras de movimento e sendo bonita e agradável, com oferta comercial alargada, as pessoas são atraídas para ali.".O mesmo acontece no centro do Porto, com Aliados e Santa Catarina ( 3187 e 4200 pessoas/hora) a destacarem-se nas preferências. "Há artérias que são e vão continuar a ser fonte de atração de turistas e moradores, que valorizam a cidade, o encanto das ruas históricas e a experiência do comércio de rua." Viegas explica que, se Lisboa "já está em velocidade de cruzeiro", o Porto chegou mais tarde mas está a fazer esse percurso. "Desde 2002, o número de passageiros que passaram pelo Aeroporto Sá Carneiro cresceu de 2,2 milhões para 11 milhões, há muito mais turistas e também portuenses a desfrutar da reabilitação do centro e o imobiliário disparou. Temos um projeto quase completamente concluído comercialmente, o Aliados 107, e 85% dos compradores são portugueses e muitos deles do Norte. Mas nos últimos seis meses houve um boom de investimento estrangeiro", revela o promotor.