Ordem ouve otorrinos de Santa Maria sobre queixas no serviço
A Ordem dos Médicos (OM) vai ouvir os especialistas do serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Santa Maria no início de fevereiro (a data proposta pelo colégio da especialidade foi mesmo 1 de fevereiro). Em causa está a análise da formação médica nesta especialidade, depois de terem sido entregues à OM várias queixas. O processo já se arrasta há mais de seis meses e a ordem quer ver o caso resolvido o mais depressa possível. Depois de ouvir os médicos especialistas, alguns dos quais contestam o novo diretor de serviço, o colégio de otorrino vai tomar uma decisão sobre se mantém ou retira a idoneidade formativa ao serviço do Santa Maria.
"Dei a data de 1 fevereiro, para os médicos estarem presentes na secção regional e falarem do funcionamento do serviço. Entendemos que a OM era o local para fazer essas entrevistas e que não faria sentido voltar ao Hospital de Santa Maria", explicou ao DN o presidente do colégio de otorrinolaringologia, Artur Condé. A OM já tinha feito uma tentativa de ouvir os especialistas, em julho do ano passado, mas quando chegou ao hospital, a direção clínica quis estar presente nessas entrevistas. "Impuseram sem dar nenhuma explicação plausível e perante essa imposição o colégio entendeu nem começar a reunião. A audição ia ficar enviesada porque as queixas citam membros da direção clínica", recordou Artur Condé.
Esta tentativa de audição aconteceu na segunda visita do colégio ao hospital por causa deste processo. A primeira tinha sido em junho e contou com a presença do bastonário. "Fomos recebidos pela administração do hospital e pelo diretor de serviço e estivemos a falar de médicos internos e a ouvi-los de forma geral", enumerou o bastonário Miguel Guimarães.
Ao DN, a direção clínica responde que "vai aguardar com serenidade o resultado da auditoria".
O que deve acontecer "logo que se conclua a audição e se entendermos que os factos relatados são suficientes para tomar uma decisão", adiantou Artur Condé. E a decisão será a de manter a idoneidade formativa ou retirá-la.
As alegadas irregularidades na gestão da formação dos internos é apenas uma das queixas que o Sindicato dos Médicos da Zona Sul tem vindo a denunciar sobre a forma como o serviço tem sido dirigido pelo seu diretor (ver caixa). Depois de apresentadas queixas ao Ministério Público, o sindicato divulga hoje a carta que também enviou ao Presidente da República e a outros responsáveis políticos.
No documento, defendem que o médico Leonel Luís foi nomeado chefe de serviço apesar de ocupar o nono lugar na hierarquia da carreira médica e que tem experiência reduzida na formação de internos, estando agora responsável pela formação de 12 a 15. Internos esses que neste momento, alegadamente, são escalados para mais do que um serviço em simultâneo e são colocados a fazer duas consultas no mesmo espaço e ao mesmo tempo sem privacidade para os doentes.