Marcelo: Referendos europeus em Portugal "são inadmissíveis"
O Presidente da República (PR) aproveitou a conferência do DN sobre o Futuro da Europa para reafirmar a sua oposição a propostas como a do Bloco de Esquerda para se referendar a vinculação portuguesa ao Tratado Orçamental.
Referendos desses "são inadmissíveis", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, para quem "bastam as aventuras dos outros" (numa alusão implícita ao Reino Unido). "Não vamos juntar problemas aos problemas que já existem", adiantou, numa intervenção cujo início foi caracterizado por um historial do processo de integração europeia.
O Chefe do Estado enfatizou depois a necessidade de se "revitalizar o consenso europeu" em Portugal, pois o país "é uma democracia largamente devido" à sua integração na Europa. "Não pode haver quaisquer dúvidas sobre essa realidade", adiantou o Presidente.
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para Marcelo Rebelo de Sousa, "não sendo possível" alargar o consenso europeu em Portugal "é essencial manter e reforçar" o existente e que "o caminho correto" para o país "só pode ser o da Europa".
Segundo o PR, depois do "Brexit", o "momento é complexo" mas, à pergunta sobre se é preciso "mais Europa ou menos Europa", a resposta só pode ser "mais Europa". Se assim não for, acrescentou, o caminho será o da "desagregação", uma vez que "a falta de convicções fortes" dos líderes europeus "faz multiplicar" as iniciativas eurocéticas e xenófobas. O Chefe do Estado frisou que "não há lideranças europeias fortes com lideranças nacionais fracas" e, a propósito do referendo britânico que aprovou a saída do Reino Unido da UE, disse que ninguém se torna "europeísta aos 50 anos".
O PR considerou que a entrada na UE dos países do centro e leste europeu, com democracias nascentes e terem de se adaptar a sistemas multipartidários, alterou a relevância tradicional dos partidos socialistas e sociais-democratas na Europa.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda a importância que Portugal tem dado ao flanco sul a Europa e que a tradicional clivagem com o norte foi substituída por uma clivagem com o leste, assente nas áreas da segurança e das migrações, onde esses países revelam posições "drasticamente diversas" dos membros mais antigos da UE.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou também que a entrada em vigor da moeda única foi apressada pela França, que "fez finca-pé" nisso para contrabalançar o crescimento da Alemanha por via da reunificação. Segundo Marcelo, avançou-se para o euro "mesmo sem os pressupostos económicos e financeiros" que deveriam presidir a um movimento como este.