Guterres horrorizado pela "venda" de escravos africanos a 400 dólares

"Estas ações estão entre os abusos mais atrozes dos direitos humanos e podem configurar crimes contra a humanidade"
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou-se "horrorizado" pela suposta venda na Líbia de subsaarianos como escravos e exigiu investigação urgente para levar os responsáveis perante a justiça, para responderem por crimes contra a humanidade.

"A escravatura não tem espaço no nosso mundo. Estas ações estão entre os abusos mais atrozes dos direitos humanos e podem configurar crimes contra a humanidade", sublinhou Guterres, em reação às imagens exibidas pela estação televisiva norte-americana CNN de imigrantes subsaarianos na Líbia.

O documentário, transmitido na semana passada, revelava um mercado de escravos perto de Trípoli, capital da Líbia, através de imagens captadas por um telemóvel, quando decorria a venda de dois homens.

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No som captado, ouve-se alguém afirmar que "os homens são vendidos por 1.200 dinares libaneses ou 400 dólares cada (339 euros, ao câmbio atual)".

[destaque:Guterres pediu "a todas as autoridades competentes que investiguem estas atividades sem demora", além de ter comunicado a todo o pessoal das Nações Unidas que se encarregue "ativamente" deste assunto]

No domingo, o vice-primeiro-ministro do governo líbio de união nacional anunciara a abertura de um inquérito.

O secretário-geral da ONU instou também a comunidade internacional a combater o tráfico de pessoas e pediu a todos os países para adotarem a convenção das Nações Unidas contra o crime transnacional organizado.

"Este caso também nos recorda a necessidade de responder aos fluxos migratórios de forma global e humana: através da cooperação para dar resposta às causas de raiz, com um aumento significativo das oportunidades de migração legal e uma maior cooperação internacional contra os contrabandistas e traficantes e para proteger os direitos das vítimas", salientou Guterres.

Depois da deposição do regime de Kadhafi, em 2011, os traficantes aproveitaram as deficiências na segurança e a completa impunidade na Líbia para aliciarem dezenas de milhares de pessoas para uma vida melhor, com a passagem para Itália, a 300 quilómetros da costa líbia.

O enviado especial da ONU para a Líbia, Ghassan Salamé, disse na sexta-feira, em entrevista à agência France Press, que o "Governo líbio não tem um exército ou polícia à disposição" e que "não se trata de má vontade mas mais de incapacidade" porque "não dispõe das ferramentas para governar".

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