Cândida Almeida: Dossiê sobre compra de apartamento de Manuel Vicente extraviou-se
Cândida Almeida, que estava à frente do Departamento Central de Investigação e Ação Penal quando o procurador Orlando Figueira arquivou o processo que procurava determinar se eram lícitos os fundos usados por Manuel Vicente, ex-vice-presidente de Angola, para comprar um apartamento de luxo no Estoril, disse esta quinta-feira em tribunal que o dossiê de acompanhamento do processo "ter-se-á extraviado".
A antiga diretora do DCIAP deveria ter um dossiê de acompanhamento do processo que deu origem à Operação Fizz, mas não o tem, e o documento ter-se-á extraviado quando o próprio DCIAP mudou de instalações em 2015. Cândida Almeida dirigiu o departamento entre 2001 e 2013.
Segundo o jornal Público, Cândida Almeida, que está a ser ouvida em tribunal na qualidade de testemunha, no âmbito da Operação Fizz, revelou que não lhe causou estranheza que o processo relativo à compra do apartamento de 3,8 milhões de euros tivesse sido arquivado pelo procurador Orlando Figueira em 201, já que foram apresentados ao DCIAP por Manuel Vicente comprovativos de rendimentos que mostravam que podia comprar "dois apartamentos num ano".
Mas a magistrada admite que achou "estranhíssimo", de acordo com o jornal, que Orlando Figueira tivesse decidido devolver os comprovativos de rendimentos a Manuel Vicente, apagando o nome do então futuro governante angolano do processo. Esta ação poderá significar, para Cândida Almeida, que o procurador foi corrompido por Manuel Vicente, que poderá ter pago a Orlando Figueira para que este o ilibasse, destruindo os documentos.
Após o arquivamento do processo, autorizado por Cândida Almeida, a magistrada suspeita, segundo o Público, que foi introduzida uma folha extra que legitimava a devolução dos comprovativos e ilibava Manuel Vicente. Esta folha, ao contrário das restantes, não estava rubricada pela procuradora que assessorava Orlando Figueira na altura, Teresa Sanchez.