"Idealmente sozinho" em 2019, com Marcelo em 2021

Pedro Santana Lopes oficializou ontem a candidatura à liderança dos sociais-democratas. Com a promessa de apoio a Marcelo em 2021 e a recusa expressa de um bloco central

O PSD avançará "idealmente" sozinho para as legislativas de 2019 e, dois anos depois, apoiará Marcelo se este for recandidato a Belém. Este é o horizonte traçado pela moção de estratégia global de Pedro Santana Lopes, que ontem oficializou a candidatura à liderança dos sociais-democratas.

Muito embora a reeleição de Marcelo fique fora do quadro temporal da moção ontem apresentada - antes das eleições presidenciais, o PSD ainda voltará a discutir a liderança - Santana Lopes fez questão de defender desde já o apoio dos sociais-democratas à reeleição de Marcelo. Escreveu-o na moção e disse-o ontem, justificando assim a opção: o "Presidente da República tem representado um caso excecional no exercício da magistratura suprema do país, não só de popularidade, mas de entendimento do sistema político e de relacionamento com os governos em funções". Falando na sede nacional dos sociais-democratas, em Lisboa, onde foi entregar as 2525 assinaturas que oficializam a candidatura, Santana fez questão de sublinhar que ele próprio tem invocado a expressão usada pelo chefe do Estado na mensagem de Ano Novo aos portugueses - "Esse termo, reinvenção, é usado na nossa moção de estratégia, tem sido usado por mim frequentemente".

"Não faço confusões"

Na moção de estratégia ontem entregue, e que replica as 221 medidas inscritas no documento "Portugal em Ideias", apresentado há cerca de duas semanas, Santana deixa críticas a Rui Rio - ainda que sem nunca nomear o adversário às eleições diretas do próximo dia 13 de janeiro. "Não faço confusões. Sei muito bem quem são os nossos adversários, de que lado estou, em quem voto e em quem não voto", escreve Santana, acrescentando que "os militantes do PPD/PSD vestem a camisola nos bons e nos maus momentos". Uma ideia que Santana ontem reforçou, lamentando que a moção de Rui Rio, apresentada na passada semana, tenha "muito mais considerações negativas sobre o PPD/PSD do que sobre outros partidos". Já a sua, contrapôs, "não é um libelo acusatório contra ninguém".

No texto, intitulado "Unir o partido, ganhar o país", Santana afirma o PSD como alternativa à "frente de esquerda", pelo que "idealmente concorrerá sozinho às próximas eleições legislativas". Acordos com os socialistas nem antes nem depois das eleições: "Se a frente de esquerda se dissolver o PS não contará com o apoio do PPD/PSD para concluir a legislatura ou para a constituição de um bloco central". "Nesta moção e naquilo que tenho dito não existem equívocos: deve haver alternativa entre os dois principais partidos do sistema partidário, não devem estar juntos no Governo", insistiu ontem.

No calendário eleitoral dos próximos anos, Santana estabelece ainda o objetivo de "uma vitória clara com uma maioria absoluta para governar a Madeira". E quanto às eleições europeias previstas para maio de 2019 (apenas alguns meses antes das legislativas), adverte que "haverá uma dinâmica política comum às duas eleições - "a vitória nas legislativas terá de receber um impulso especial durante as eleições europeias". Rui Rio faz, aliás, a mesma leitura na sua moção.

Ainda no capítulo das eleições, Santana promete que os deputados eleitos nas listas sociais-democratas serão "originários ou residentes habituais nos respetivos círculos". E volta a defender a reforma do sistema eleitoral, propondo um "grande debate sobre a introdução de círculos uninominais conjugados com um círculo nacional ou círculos regionais proporcionais".

No documento, Santana aproveita também para definir o PSD por contraposição às declarações que Rui Rio tem vindo a fazer sobre o posicionamento do partido. "De nada interessa, face à nossa riqueza e matriz ideológicas, rótulos de centro esquerda ou de centro direita", sustenta, argumentando que o que define o PSD é muito mais a sua história e não um "posicionamento ideológico restrito e castrador".

No restante, entre as 221 medidas apresentadas em dezembro - e que serão discutidas no próximo sábado, numa convenção nacional, em Lisboa - Santana Lopes defende uma reforma da Segurança Social, quer uma "descentralização" no setor da Educação, dando mais autonomia às escolas, e faz a defesa de um modelo de "liberdade de escolha" na área da saúde. Defende uma maior coesão do território, com medidas de discriminação positiva em favor dos territórios de baixa densidade e defende a descentralização, mas num modelo de acordos voluntários com cada município.

O prazo para a apresentação de candidaturas às eleições diretas no PSD terminou ontem, com Santana Lopes e Rui Rio como únicos candidatos. A escolha do próximo presidente social-democrata será feita por um universo eleitoral de cerca de 70 mil militantes. O congresso do partido, que consagrará o novo líder, está marcado para 16, 17 e 18 de fevereiro, em Lisboa.

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