Greve pode atrasar compras nos super e hipermercados
Quem deixou as compras de Natal para os últimos dias poderá ter de enfrentar filas maiores do que o que já é habitual nesta altura. A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) garantiu que, apesar da greve dos trabalhadores dos super e hipermercados, estão "asseguradas todas as condições para que os consumidores portugueses possam realizar as suas compras", mas o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) acredita que, em muitas lojas, o número de trabalhadores será inferior ao que era suposto e que algumas podem fechar.
Depois da paralisação de ontem feita pelos trabalhadores dos armazéns, logística e entrepostos Continente/Sonae, Jerónimo Martins, Dia Minipreço e Lidl, está marcada para hoje e amanhã a paralisação dos trabalhadores das lojas das cadeias de super e hipermercados. "Não conseguimos dizer que as lojas X vão estar fechadas, mas acreditamos que isso vai acontecer em algumas empresas. Em muitas lojas, o número de trabalhadores vai estar reduzido. Vamos ver muitas chefias a trabalhar pela primeira vez", disse ao DN Filipa Costa, dirigente do CESP.
Sem adiantar qual a adesão à greve de ontem, o CESP denuncia o facto de as empresas terem tentado atenuar os seus efeitos, "contratando trabalhadores a empresas de trabalho temporário", "substituindo trabalhadores em greve (o Lidl, no Entreposto do Linhó, substituiu trabalhadores do armazém por trabalhadores de lojas)", promovendo "trocas de horários e de dias de descanso" e exercendo "pressão e ameaças aos trabalhadores para que não adiram à greve". Comportamentos, sublinha, "ilegais, violadores do direito constitucional à greve e passíveis de contra-ordenações muito graves".
Ao DN, fonte oficial do Lidl adiantou, no entanto, que a empresa "respeita o direito à greve e como tal respeitou as regras relativas aos pré-avisos de greve, não tendo tido colaboradores de loja a trabalhar nos entrepostos nos dias de greve." Já fonte do Pingo Doce adiantou que a adesão à greve "foi inferior a 1% do universo de colaboradores dos Centros Logístico da empresa", não tendo tido "qualquer impacto" na operação.
Em comunicado, o CESP disse que registou uma "elevada adesão à greve e a participação nas ações realizadas", o que demonstra "às empresas e à APED" a "grande determinação" dos trabalhadores "em lutar pela negociação do contrato coletivo de trabalho, com o aumento dos salários de todos os trabalhadores sem discriminações, fim da Tabela B e correção da carreira profissional dos operadores de armazém igualando-a à que os operadores das lojas têm com 3 níveis de progressão automática até à categoria de especializado".
Por seu turno, a APED lamenta que a greve ocorra em pleno processo de negociação do contrato coletivo. Destacando que está agendada uma nova reunião entre APED e sindicatos para o dia 10 de janeiro, nega, por isso, que as negociações estejam paralisadas. "Estas ações públicas, promovidas pelos sindicatos do setor e nesta altura do ano, servem para desviar o debate dos assuntos de natureza laboral da mesa de negociações, onde deverão efetivamente permanecer".