"Ministério é um deserto em dirigentes femininas" 

Ana Paula Vitorino, ministra do Mar, fala sobre a realidade num mundo que é quase exclusivamente masculino
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Que balanço faz da repartição por género na administração pública?

É a segunda vez que chego ao governo e a minha tutela é um deserto de dirigentes femininas. Já em 2005, quando fiquei com os Transportes, havia zero mulheres. Mas quando saí já eram 25%. Deixei mulheres a liderar empresas que nunca tinham tido um elemento feminino na administração. E agora é a mesma coisa. Se não tivermos uma preocupação acrescida, as mulheres nunca entram em lugares de topo, pois invoca-se sempre a ausência de experiência. Por onde passo tento ter, pelo menos, um terço de mulheres nas administrações.

A mentalidade não mudou?

Não mudou nada. Ainda existe discriminação de género na maior parte das nomeações para lugares de topo, quer no público quer no privado. A tendência é nomear homens. No meu setor, as administrações são quase todas masculinas e quando não são é por razões familiares. No Estado também ainda existe domínio masculino. A lei é uma medida corretiva, uma questão de cidadania, mas temos de ir mais fundo.

Como?

Vamos lançar um estudo sobre o papel das mulheres nas atividades marítimas. Sabemos que predominam na investigação, mas, em contrapartida, há meia dúzia de estivadoras e pescadoras. Faremos um primeiro diagnóstico sobre a repartição por género em cada área. Depois tentaremos perceber as causas e apresentaremos medidas corretivas, que poderão passar por programas escolares.

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