Efeito Google traz nova empresa para Portugal e cria mais 100 empregos

Revelação feita por Manuel Caldeira Cabral em entrevista ao DN/TSF, durante visita a Sacramento, na Califórnia
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O ministro da Economia afirma que a relação económica entre Portugal e os Estados Unidos tem muita margem para melhorar, não apenas nas exportações (que no ano passado aumentaram 20%) e no turismo oriundo dos Estados Unidos (que está a crescer a 40% ao ano), mas na captação de investimento numa dupla vertente: instalação de empresas em Portugal - e avança a novidade de que uma empresa parceira da Google virá, arrastada pela gigante tecnológica, para o nosso país, criando uma centena de postos de trabalho - e investimento em capital de startups nacionais. A Web Summit, argumenta Manuel Caldeira Cabral, ajudou muito a colocar Portugal no mapa e há investidores que já descobriram marcas nacionais com potencial de investimento.

A relação económica entre Portugal e os Estados Unidos tem margem para melhorar?

A relação económica entre Portugal e os Estados Unidos tem estado a ter uma evolução muito positiva, quer ao nível das trocas comerciais - as nossas exportações no ano passado cresceram 20% - quer ao nível do investimento, com forte interesse por parte de empresas americanas para investir, mas também ao nível do turismo, com o número de visitantes americanos a subir quase 40% por causa do trabalho muito forte de promoção, do aumento de rotas para os Estados Unidos e de uma enorme adesão do mercado americano ao programa Stop Over. Tudo junto, faz que as relações estejam a ser muito positivas.

A balança comercial é favorável a Portugal. Há margem para crescer? Em que setores?

A balança Portugal-Estados Unidos é-nos muito favorável. Os EUA tornaram-se o nosso maior mercado fora da União Europeia, mas há espaço para crescer num conjunto vasto de áreas, como o turismo, o software, com empresas americanas de software a virem para Portugal, a área dos produtos farmacêuticos, que tem tido uma evolução muito positiva.

O mundo das startups tem crescido muito em Portugal. Que sinais lhe chegam de eventuais investimentos em startups portuguesas?

Os sinais que vemos são de duas naturezas. Por um lado, há um interesse muito grande de empresas tecnológicas americanas em se instalarem em Portugal e terem no país uma base para trabalharem para o mundo. Tivemos há dias os anúncios da Amyris, na área da biotecnologia, e da Google a reforçar a presença e a lançar um trabalho de formação que vai envolver mil pessoas na primeira fase, mas poderá ir mais longe. Mas tivemos também a Cognisant, que já trabalha com a Google, que está também a abrir atividade em Portugal, e com cerca de cem pessoas para trabalhar em rede com a Google como faz em todo o mundo. Mas também está a haver um interesse muito grande de investidores pelas empresas portuguesas. Nos EUA reconhecem que há um ambiente muito interessante no ecossistema português.

Que papel teve a Web Summit nesse interesse dos norte-americanos?

A Web Summit ajudou muito a colocar Portugal no mapa, os investidores americanos vieram à procura de empresas de todo o mundo e encontraram empresas portuguesas muito interessantes. Os dois exemplos recentes de forte investimento na Outsystems, com mais de 300 milhões de euros numa empresa tecnológica portuguesa, ou da Feedzai, com um investimento de 50 milhões, mostram que já não são apenas pequenos investimentos à procura de startups ainda com muito espaço para crescer, mas são também investimentos em empresas bem consolidadas, com modelos de negócio que já deram provas, e que hoje os investidores americanos sabem que existem em Portugal e que são extremamente interessantes. O interesse de atrair estes investidores não é apenas de investirem nestas empresas, é o papel que podem ter em fazê-las crescer, encontrar novos mercados, e projetá-las nos mercados globais. O encontro que tivemos com startups tinha muitos investidores, que fizeram muitas perguntas, quiseram saber mais, querem saber coisas concretas, e alguns estão já a criar fundos em Portugal para poderem eles próprios investir. Isso é um reconhecimento de que o trabalho que o governo está a fazer de promoção do ecossistema das startups e o trabalho que estas novas empresas tecnológicas estão a fazer está a ser reconhecido e está a atrair investimento que sabe muito bem o que fazer nestas áreas tecnológicas e que pode projetar ainda mais estas empresas, que hoje em Portugal já estão a criar emprego qualificado.

As startups que têm sucesso internacional podem servir de bandeira para atrair mais investimento?

Servem muitas vezes. A estes exemplos poderia juntar a Farfetch, a Codacy ou a Talkdesk. As empresas portuguesas que já têm valores de centenas de milhões e faturação em todo o mundo são um exemplo de que as outras podem ter um potencial igual. As startups portuguesas são a melhor bandeira do que está a ser feito em Portugal e também de uma nova imagem do país. A de um Portugal tecnológico, que se afirma em novos setores, de uma geração com muito talento e capacidade e projetos que são investimentos interessantes que podem atrair capital com conhecimento para fazer crescer estas empresas e torná-las novos líderes mundiais.

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