Desvio de armas na PSP: Diretor alertado para falta de segurança

Foram instaurados processos disciplinares à "cadeia hierárquica", mas a PSP não revela quantos elementos há envolvidos.
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O ex-diretor do Departamento de Apoio Geral (DAG) da direção nacional da PSP, Paulo Sampaio, responsável pelo armazém de onde desapareceram, pelo menos 57 pistolas Glock, com carregadores e munições, terá alertado, mais que uma vez, o diretor nacional para a falta de meios humanos suficientes para garantir a segurança daquele armeiro. O superintendente Sampaio é a primeira "vítima" do inquérito interno ao desvio das armas, tendo a ministra mandado cessar já a sua comissão de serviço na Guiné Bissau, onde se encontrava apenas há dois meses como oficial de ligação do ministério da Administração Interna (MAI).

Em comunicado ontem o ministério tutelado por Constança Urbano de Sousa informou que "na sequência das conclusões do Inquérito sobre o desaparecimento de armamento" tinham, além desta medida, sido instaurados "processos disciplinares à cadeia hierárquica" do DAG" e determinada a "realização de um inventário rigoroso de todas as armas e munições existentes na PSP, GNR e SEF".

O MAI não quis esclarecer quantos processos disciplinares foram abertos ao todo, remetendo informações para a PSP. O gabinete de imprensa desta força de segurança também não respondeu. Segundo informação recolhida pelo DN, à data dos acontecimentos, a "cadeia hierárquica" era constituída por um chefe de divisão, um chefe de secção, além do diretor, que reportava diretamente ao diretor nacional, superintendente Luís Farinha. Dois agentes responsáveis pelo armeiro foram suspensos, logo quando o caso foi descoberto, no final de janeiro. Esta medida foi muito criticada por alguns sindicatos, lembrando a responsabilidade da hierarquia.

Questionado sobre a alegada falta de meios humanos no DAG e o alerta feito ao diretor nacional, superintendente Luís Farinha, o gabinete de imprensa da PSP também não respondeu. Vários oficiais confirmaram ao DN esta situação, alguns deles afirmando que o Paulo Sampaio terá documentos escritos a descrever as dificuldades do departamento.

O presidente do Sindicado Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP) diz não ter conhecimento "oficial" das preocupações de Sampaio, mas não estranha: "Infelizmente a falta de recursos, tanto humanos, como de equipamento, é transversal a todos os comandos. A ser verdade que o superintendente manifestou essa preocupação ao diretor nacional, agiu conforme exigido a um oficial com responsabilidades".

Este dirigente sindical, Jorge Resende, considera "grave" a decisão de Constança Urbano de Sousa em mandar cessar já a comissão de serviço de Sampaio, quando "supostamente, o processo disciplinar se está agora a iniciar. Deixa implícito uma nota de culpa e abre um precedente: todos os oficiais correm o risco de ser punidos quando alguém que comandam comete uma infração disciplinar ou um crime". Nesse caso, sublinha, "a dita cadeia hierárquica não acaba no diretor de departamento, nem no diretor nacional, nem dentro da PSP".

Para Jorge Resende, a ministra, quis dar uma resposta "populista" às críticas dos sindicatos por terem sido apenas suspensos dois agentes.

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