Concertos de Fim de Ano no Terreiro do Paço vão ter barreiras e revistas da PSP
Polícia aposta no reforço de segurança durante a quadra festiva e na prevenção de atos terroristas em locais com eventos, onde a entrada do público, que pode ser impedido de chegar à Praça do Comércio (Lisboa), será vigiada ao mílimetro
Lisboa vai assistir nas festas de passagem do ano previstas para o Terreiro do Paço a uma das maiores ações policiais de sempre na cidade. Esta operação vai incluir a colocação de barreiras de cimento e de estruturas com espigões metálicos nos acessos à praça. Este espaço público junto ao rio Tejo vai ser tratado como "recinto fechado de espetáculos", explicou ao DN o intendente Hugo Palma, porta-voz da Direção Nacional da PSP.
"Todos os acessos ao Terreiro do Paço vão estar controlados e a PSP vai colocar barreiras de cimento e estruturas com espigões metálicos para bloquear as viaturas (carris antiveículo). Temos algumas dessas estruturas de fabrico próprio", adiantou o oficial. As mesmas medidas serão extensivas ao réveillon no Porto, que terá lugar na Avenida dos Aliados.
Nas duas maiores cidades do país, a PSP irá criar corredores de passagem para as viaturas de emergência, bloqueando alguns acessos com os carros da polícia para que seja depois fácil desbloquear em caso de urgência, como adiantou o oficial.
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Revistas como nos estádios
À semelhança da entrada em estádios ou salas de concertos, o público que vai dirigir-se ao Terreiro do Paço para assistir aos espetáculos - a autarquia tem previsto três noites de concertos gratuitos no espaço de 29 a 31 - será alvo de revistas visuais, com abertura de mochilas e malas e o uso de raquetas para deteção de armas. "Só se as raquetas detetarem metal é que a pessoa em causa poderá ser sujeita a uma revista mais completa a incluir apalpação", referiu o porta-voz.
Já as revistas surpresa na rua não serão efetuadas, como foi noticiado. "Não temos ordem para fazer revistas inopinadas, até porque seriam ilegais. Na atual legislação só podemos fazer revistas na via pública no quadro de investigações e com fundadas suspeitas de crime em relação a uma determinada pessoa que vai a passar na rua, de que traz uma grande quantidade de droga, por exemplo. Nunca poderíamos fazer essas revistas em operações de policiamento", esclareceu o intendente Hugo Palma.
Este responsável adiantou que em determinados países, como Inglaterra e França, a legislação anti-terrorista possibilita essas revistas aleatórias a cidadãos em determinadas circunstâncias. "Podem ser feitas a passageiros nos terminais do metro e do aeroporto, por exemplo, mas Portugal ainda não adotou esse tipo de medidas."
Administrativos vão patrulhar
O policiamento de prevenção terrorista, a que os lisboetas já se habituaram em determinados locais, vai ser mais visível nesta quadra festiva. A PSP já distribuiu equipas mistas de visibilidade reforçada - agentes da Unidade Especial de Polícia com metralhadoras - há uma semana por vários locais da capital: no aeroporto Humberto Delgado, na Baixa, no Chiado e Cais do Sodré (aqui também na estação ferroviária, no acesso à linha de Cascais). Estão ainda na Estação do Oriente, no Parque das Nações, no Marquês de Pombal e respetivo terminal rodoviário (no Parque Eduardo VII) e na estação de metro e ainda junto ao Centro Comercial das Amoreiras (Campolide).
Durante a quadra festiva, parte do serviço dos agentes dos serviços de apoio ou administrativos vai ser na rua, na parte operacional, uma vez que a Polícia de Segurança Pública não terá elementos na área operacional em número suficiente para as necessidades de policiamento desta época.
Na próxima semana serão anunciados os condicionamentos de trânsito previstos para o final do ano em Lisboa e no Porto, ações em que haverá também o envolvimento dos elementos das respetivas polícias municipais.
Sempre que há grandes eventos ou acontecimentos previstos, a PSP envia orientações para os comandos do país a reativar as medidas definidas no pós-atentados de novembro de 2015, em Paris (em que morreram 137 pessoas em diversos ataques que ocorreram ao mesmo tempo). Centram-se essas medidas no reforço da prevenção terrorista em grandes eventos com patrulhas conjuntas com elementos da Unidade Especial de Polícia e também através de perímetros alargados de segurança que incluem colocação de pilaretes e blocos de cimento para impedir o cruzamento de peões e veículos.
Com as barreiras físicas, previne-se a ocorrência de ataques feitos pelos chamados "lobos solitários" que utilizam carros para investir contra grupos de pessoas, como aconteceu em Nice (julho de 2016, provocando 87 mortos), ou em Londres (junho passado, com 11 mortos em ataques na Ponte de Londres e no mercado de Borough).