CDS não aceita TSU paga pela Segurança Social, UGT só admite redução temporária

O decreto-lei que reduz a taxa em 1,25% terá seguido ainda ontem para Belém, depois de aprovação no Conselho de Ministros.
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Redução da Taxa Social Única (TSU) para os empregadores "só se for financiada na totalidade pelo orçamento de Estado". Pedro Mota Soares, o anterior ministro da Segurança Social e atual deputado centrista, avançou ao DN que "o CDS considera inaceitável que sejam a segurança social e por consequência os pensionistas a pagar para os empregadores aumentarem o salário mínimo" e lembrou que "em 2016, quando o PS quis dividir o financiamento entre o OE e a segurança social, o CDS votou contra e pediu uma apreciação parlamentar do diploma". Mota Soares não quis, no entanto, adiantar se o sentido de voto do seu partido será agora o mesmo - juntando-se assim ao PCP, BE e PSD. Já a UGT condiciona o seu apoio a esta redução temporária da taxa à formalização de um acordo de princípio mais global e a CGTP pede ao Presidente da República que não promulgue o diploma.

O decreto-lei que reduz a TSU em 1,25 pontos percentuais a partir de 1 de fevereiro terá seguido ainda ontem para Belém e deverá ter uma resposta rápida. Para acelerar o processo, o Conselho de Ministros aprovou-o, usando o voto eletrónico, cumprindo assim mais um passo neste processo legislativo.

Publicamente o governo assume não ter plano B, mas o eventual chumbo da descida da TSU implicará que sejam encontradas alternativas. Todo este enquadramento centrou as atenções do encontro entre o primeiro-ministro e os presidentes das quatro confederações. Os patrões saíram em silêncio desta reunião, remetendo para hoje uma tomada de posição posição conjunta. Sexta-feira vão ser recebidos por Marcelo Rebelo de Sousa. Sem adiantar o teor do comunicado, António Saraiva (CIP) afirmou, em entrevista à SIC, que a ida a Belém será mais uma oportunidade para os parceiros sociais darem conta da sua "preocupação" face ao atual espetro partidário e para reafirmarem que independentemente da posição dos partidos, "esperam que o acordo seja cumprido".

Antes da aprovação do decreto-lei pelo governo, os parceiros enviaram os seus pareceres, tendo a UGT reafirmado que apenas aceita a redução temporária da TSU "no quadro de um equilibro global que o acordo assegura". Ou seja, condiciona a sua posição "à formalização do acordo de princípio atingido no CPCS " e "à garantia" do respeito "por todos os compromissos assumidos". É que, ainda que no imediato o acordo apenas preveja a subida do SMN acompanhada daquela redução da TSU, lança também as linhas gerais para um acordo de médio prazo - em torno do problema da precariedade e negociação coletiva.

Dar aos patrões um desconto na TSU como contrapartida pelo aumento do SMN não é uma novidade (aconteceu já por 3 vezes no passado recente), mas a repetição desta medida pode estar em risco. O PSD anunciou que vai juntar-se ao PCP, BE e Verdes no voto contra a descida da TSU quando o diploma for apreciado no Parlamento. Ontem, apesar das críticas, Passos Coelho reafirmou esta intenção e recusou responsabilidades. "Foi o governo que assumiu este compromisso. E esse compromisso tem de ser construído dentro da solução maioritária que suporta o governo", referiu. Na sua "newsletter" diária e num artigo intitulado "TSU: exceção não é a regra", os sociais-democratas voltaram a justificar a sua posição. "A exceção não pode ser a regra. A redução da TSU associada a um aumento do SMN só faz sentido se absolutamente excecional, como em 2014. E como o Governo dizia que seria em 2016. Mas este é o segundo ano em que o executivo de António Costa quer usar a excecionalidade como desculpa".

O CDS/PP não avança o seu sentido de voto e afirma querer ver primeiro de que forma é que a medida vai ser financiada. Mas o ex-ministro Mota Soares aproveita o caso para lançar algumas farpas políticas: "percebe-se, com toda esta história, porque este governo é chamado de geringonça. Está preso por arames, pois não tem sustentação no parlamento dos seus supostos parceiros em relação a uma medida a que se comprometeu em sede de concertação social. Daqui para o futuro os parceiros sociais não vão fazer qualquer acordo antes de saber se o governo tem apoio da sua base. Isto é um péssimo serviço à concertação social e à credibilidade do país junto às entidades nacionais e externas".

No ano passado, durante a apreciação parlamentar, o governo explicou que a legislação em vigor impede que o financiamento de uma redução da TSU seja feito integralmente pelo OE num único ano. Daí que o diploma determine que a segurança social paga metade do custo da medida em 2017, sendo ressarcida em 2018 (através de nova transferência do OE).

Entretanto, a presidente centrista revelou ontem que o CDS-PP está a efetuar contactos com os parceiros sociais, no sentido de procurar saber "quais são os impactos da redução da TSU caso o acordo não seja respeitado integralmente". Assunção Cristas sublinhou ainda que o CDS defende que os setores económicos com mais exposição ao salário mínimo, como o social (IPSS e Misericórdias) e as empresas de menor dimensão "devam poder ser compensados de alguma forma".

O governo já confirmou que as IPSS estão abrangidas pelo desconto da TSU, sendo que esta medida apenas abrange trabalhadores contratados até 1 de janeiro de 2017 e que entre outubro e dezembro tivessem uma remuneração base entre os 530 e os 557 euros. Segundo Vieira da Silva esta medida custará cerca de 40 milhões de euros, mas nas contas da CGTP, ontem apresentadas por Arménio carlos, o custo ascende a 120 milhões de euros.

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