Bósnia cria Dia dos Paraquedistas portugueses

Presidente bósnio participa hoje em cerimónia junto a monumento aos militares portugueses mortos no país
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O Dia dos Paraquedistas portugueses passa a ser celebrado anualmente na Bósnia-Herzegovina a partir de hoje, coincidindo com o aniversário da cidade de Doboj e numa cerimónia onde intervém o Chefe do Estado daquele país balcânico, Mladen Ivanic.

A cerimónia, na qual participam também o embaixador de Portugal em Belgrado, o presidente da Liga dos Combatentes (LC) e representantes dos paraquedistas, vai decorrer junto ao monumento aos militares portugueses mortos na Bósnia e que durante anos esteve ao abandono. O município bósnio "decidiu este ano incluir oficialmente a comemoração do Dia dos Paraquedistas portugueses a 23 de maio no programa da celebração do Dia de Doboj e fazer uma cerimónia em honra dos soldados mortos", escreveu o presidente da câmara, Obren Petrovic, na carta enviada há dias à LC. O programa das cerimónias - tendo por base o protocolo assinado em outubro, em Tancos, entre a LC e a autarquia de Doboj - inclui a visita a uma escola de música recuperada com verbas portuguesas (mais de 60 mil euros) e à qual foi dado nome do compositor Marcos António da Fonseca Portugal (1762-1830).

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"A escola tinha uma tradição de meio século na cidade, que a guerra civil nos anos 90 interrompeu e só em junho de 2003 foi reinaugurada com o apoio de Portugal", lembrou ao DN o tenente-coronel paraquedista (reforma) Miguel Machado. "Curiosamente, foi a própria gestão sérvio-bósnia da escola de música que escolheu este nome de um compositor pouco divulgado em Portugal", realçou ainda aquele oficial, que integrou o primeiro contingente nacional enviado para os Balcãs, em 1996.

Miguel Machado foi um dos responsáveis pela luta em defesa da recuperação e preservação do monumento aos paraquedistas mortos na Bósnia, função que o Exército alterou - substituindo a própria placa com os nomes dos cinco militares falecidos - para passar a simbolizar a presença das diferentes unidades militares portuguesas destacadas naquele país entre 1996 e 2007. O atual chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte, disse ao DN que o ramo vai dar "todo o apoio" à Liga dos Combatentes e às autoridades da Bósnia-Herzegovina, que não se limita ao monumento em Doboj e abrange "o novo memorial criado no Kosovo" - de onde os militares portugueses saíram há poucas semanas e após uma presença de quase duas décadas.

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Morreram cinco paraquedistas portugueses na Bósnia e os seus nomes - primeiros-cabos Alcino Mouta, Rui Tavares e José Barradas, soldados Ricardo Souto e Ricardo Valério - estão inscritos no monumento em Doboj, cuja manutenção e conservação estão agora garantidos pela cidade e pela LC. Trata-se, sublinhou o CEME, de corresponder à importância de "preservar a memória e manter a ligação" construída entre Portugal e os países balcânicos, através da ação dos militares e complementada pela ajuda ao desenvolvimento dada pelo governo - que extravasou o apoio à reconstrução da escola de música. Lisboa comparticipou também na recuperação dos caminhos-de-ferro da Bósnia-Herzegovina, assim como de escolas, centros de saúde, construção de clínicas e outras infraestruturas.

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