Avião que caiu no Alentejo espalhou peças por 5 km

Piloto belga de 27 anos, única vítima mortal, terá contribuído para evitar mais fatalidades. Dois feridos graves ainda no hospital
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Uma asa em cima de um sobreiro ainda a verter combustível, uma porta ali por perto e duas rodas mais ao longe. Tudo destroços da mesma aeronave ligeira que se desfragmentou em pleno voo no Alentejo, provocando a morte do piloto de 27 anos. Espalhou peças por um raio de cinco quilómetros próximo de Canhestro, freguesia de Ferreira do Alentejo, mas à hora de fecho desta edição ainda faltava encontrar a cauda. Pode estar nela a explicação para a forma trágica como acabou uma aula de paraquedismo no domingo. Os paraquedistas saltaram, mas houve quatro feridos, dois em estado grave.

A área de cinco quilómetros e de difícil acesso onde foram encontrados os destroços está vedada pelas autoridades à espera que cheguem dois peritos do fabricante suíço daquele modelo Pilatus PC6, da matrícula alemã, que esta terça-feira vão tentar ajudar a apurar as causas do acidente, avançou o diretor do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA), Álvaro Neves.

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A aeronave levantou voo do aeródromo de Figueira de Cavaleiros (Ferreira do Alentejo) com oito pessoas a bordo - tinha capacidade para dez - e pertencia a um operador privado alemão, que tem um contrato de prestação de serviços com a empresa aérea Aero Vip, concessionária das linhas aéreas regionais que ligam Bragança a Portimão e Porto Santo e Funchal. A Aero Vip pertence ao grupo 7Air, que detém ainda a empresa SKyfall.

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Foi através desta empresa que se efetuou o voo da aeronave que há uma semana tinha saído de uma grande intervenção de manutenção em Espanha, que se prolongou entre 20 de maio e 17 de junho, segundo precisou a própria 7Air ao DN. "Veio de lá com toda a documentação técnica aprovada", garantiu a empresa, que ontem enalteceu "o profissionalismo e altruísmo" do piloto belga que tinha o paraquedas colocado às costas e que "terá contribuído com a sua ação para que não se registassem mais fatalidades".

Uma afirmação feita com base em testemunhas que garantem ter assistido em terra à desintegração do avião em pleno voo. A hipótese de ter ocorrido qualquer explosão é rejeitada pelo comandante dos Bombeiros de Ferreira do Alentejo, António Gomes, avançando que não foram encontrados destroços com vestígios de incêndio.

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Segundo o diretor do GPIAA, a Skyfall está licenciada para a atividade de instrução e salto de paraquedismo, promovendo cursos de paraquedismo a grande altitude. No domingo o grupo ia saltar a 14 mil pés, mas a cerca dos 7 mil começaram os problemas. A desfragmentação do aparelho obrigou os paraquedistas a saltarem. Houve dois feridos graves, ambos portugueses, de 40 e 45 anos, que ontem estavam clinicamente estáveis e com prognóstico favorável no Hospital de São José (Lisboa), e depois feridos ligeiros, duas mulheres, de 37 e 48 anos, que logo no domingo tiveram alta do hospital de Beja. Os restantes três paraquedistas dispensaram assistência hospitalar.

A atividade de paraquedismo obedece a regras muito rigorosas, podendo apenas ser exercida por elementos qualificados pela Federação Portuguesa de Paraquedismo ou Entidade Estrangeira equivalente. Os equipamentos e materiais utilizados têm de estar certificados nos países de origem, enquanto os cursos só podem ser ministrados em escolas aprovadas pelo diretor técnico nacional da federação. Entre os requisitos necessários está a utilização do paraquedas de instrução com dispositivo de segurança, capacete e altímetro.

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