Candidatos a Lisboa criticam reduzido investimento na mobilidade
O Túnel do Marquês inaugurado há 10 anos, tem 1.725 metros que ligam as Amoreiras à Avenida António Augusto de Aguiar e demorou nove anos a ser construído
Os candidatos do CDS-PP, PCP e BE à Câmara Municipal de Lisboa lamentam a falta de investimento na mobilidade da cidade, e especialmente nos transportes públicos, na última década.
A Lusa ouviu os candidatos às autárquicas de 01 de outubro a propósito do aniversário da inauguração do túnel do Marquês, ocorrida há 10 anos, a 25 de abril de 2007.
Para Assunção Cristas, candidata do CDS-PP, "essa é porventura a última grande obra de mobilidade" concretizada na capital.
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"Depois disso não vimos mais nada, seja no transporte coletivo, seja no trânsito, seja no estacionamento dentro, fora ou às portas da cidade. Muito pouco, ou nada, foi feito", afirmou.
Na opinião da centrista, a "obra emblemática do doutor Santana Lopes [PSD] continua a ser uma referência que ajudou muito a mobilidade na cidade de Lisboa".
"Em 10 anos de governação socialista nós vemos piores transportes públicos, pior trânsito, pior acesso à cidade, pior vida para os moradores que não têm estacionamento. Não há nada de positivo que tenha significativamente progredido nestes anos", salientou.
Já o candidato bloquista Ricardo Robles recordou os problemas da empreitada -- "o tempo que demorou a construir e os prejuízos para a cidade".
"Não resolveu nada o Túnel do Marquês, continuamos a ter problemas graves de mobilidade no centro da cidade. O balanço final acaba por não ser positivo. Há um investimento de tantos milhões de euros naquela infraestrutura e naquela obra, e temos os mesmos problemas que tínhamos há tantos anos", advogou.
Para o candidato, o conceito de levar "mais carros para o centro, alargar as estradas, criar túneis sempre em função do automóvel é um pensamento arcaico" e, por isso, a mobilidade da cidade tem de ser pensada de forma diferente.
Robles equiparou esta questão a uma "pescadinha de rabo na boca em que a cidade está metida e de onde dificilmente sairá se não houver um investimento forte nos transportes públicos".
Também crítico da infraestrutura, João Ferreira (PCP) entende que o investimento associado a esta obra teria sido mais útil num conjunto de outros investimentos de que a cidade necessitava e de que, em alguns casos, necessita ainda.
Na opinião do comunista, "há todo um conjunto de investimentos que não têm sido feitos desde a construção do túnel, que eram absolutamente necessários e que têm vindo a ser adiados, nomeadamente relacionados com transportes públicos, seja dentro da cidade, seja para aceder à cidade".
"É uma evidência que ao longo dos últimos 10 anos os problemas do trânsito e da mobilidade se agravaram em Lisboa, de uma forma muito pronunciada", vincou, considerando que o Túnel do Marquês é simbólico desse ponto de vista.
"Ele ajuda a demonstrar que não é por facilitarmos a entrada de carros na cidade que nós vamos resolver os problemas da mobilidade, se não atendermos a um conjunto de outros investimentos que têm de ser feitos, nomeadamente no domínio do transporte público", explicou João Ferreira.
A Lusa tentou contactar a candidata do PSD, Teresa Leal Coelho, sem sucesso.
Também a Câmara de Lisboa, liderada pelo socialista Fernando Medina, foi questionada sobre dados de tráfego naquela via, mas não respondeu até à manhã de hoje.
O Túnel do Marquês, em Lisboa, inaugurado há 10 anos, tem 1.725 metros que ligam as Amoreiras à Avenida António Augusto de Aguiar e demorou nove anos a ser construído, atravessando os mandatos de três presidentes de Câmara.
O projeto foi uma das bandeiras da candidatura de Pedro Santana Lopes (PSD) à Câmara de Lisboa em dezembro de 2001, mas a construção do túnel teve diversos contratempos.
Foi concebido com o objetivo de retirar cerca de 50 mil carros por dia da superfície desta zona central da capital, encurtando o tempo gasto no tráfego.