"Ainda hoje, este é um projeto inovador"

Núria Baylina, curadora e diretora de conservação do Oceanário fala destes duas décadas e dos projetos de conservação

Que balanço faz destes 20 anos do Oceanário na conservação da biodiversidade marinha?

Muito positivo. Foi uma grande visão por parte de quem pensou isto, com um projeto de base muito bem estruturado. Isso permitiu-nos evoluir ao longo de todos estes anos.

Que base foi essa, em concreto?

A do aquário em si. A forma como foi construído e o seu conceito, que ainda hoje é inovador e que encarnou o tema da Expo 98, dos oceanos como um património para o futuro. O aquário central é uma representação do oceano global, o que na altura foi inovador, enquanto representação do oceano, da massa de água como uma só. Funcionou muito bem, para transmitir isso às pessoas. O mesmo com os quatro habitats, nos cantos, divididos do aquário central por um acrílico, o que permite a visão das duas coisas. Foi uma ideia muito feliz, e faz todo o sentido para o nosso trabalho na educação e conservação. Neste último, além de o fazermos no Oceanário, passámos a apoiar também com apoio financeiro e técnico, desde 2007, a conservação no terreno de outras entidades.

Qual foi a maior aprendizagem?

A aprendizagem nunca acaba, mas para mim foram os primeiros anos. Aquele ano, antes da abertura, e os dois seguintes. Eu tinha pouca experiência e foi uma oportunidade incrível para ganhar experiência, que penso que não se tem assim, quando se entra num aquário quando ele já está a funcionar.

Quer destacar um projeto de conservação do Oceanário?

O projeto das tartarugas, em São Tomé, o que apoiamos há mais tempo, desde 2012. Não há conservação sem envolvimento das comunidades locais e este está a ser muito bem feito porque tem sido um trabalho continuado com o envolvimento da comunidade local. São Tomé é ponto muito importante no Atlântico para as tartarugas. Passam por ali cinco espécies, das quais quatro nidificam. E o projeto tem conseguido aumentar a área das praias e envolvido mais pessoas locais. Muitos deixaram de ser caçadores para se tornarem guardas das praias e fazer esta monitorização e conservação.

O que falta fazer na conservação marinha?

Já se fez muito, mas falta fazer muito mais. A situação dos oceanos é crítica. Hoje, se calhar, há mais coisas para fazer do que aquilo que sabíamos que havia quando abrimos.

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