O recado público de Luís Montenegro, depois da pressão interna das últimas horas “de dirigentes de topo do partido e do Governo”, dirigido a Luís Newton, Ângelo Pereira, Vasco Morgado, Fernando Braamcamp e Carlos Eduardo Reis, “não podia ser mais claro”. “Quem tem uma imputação sobre crime grave, no caso da corrupção acima de tudo, que advém do exercício de responsabilidades e funções políticas, deve medir politicamente até onde é que a sua legitimidade política, não é jurídica, para o exercício da função possa e pode estar ou não afetada. Isso acontece para todos os crimes”, avisou o primeiro-ministro e líder do PSD.Este “não podia ser mais claro” é referido ao DN por fonte dirigente do PSD que “estranha a demora dos visados” e que espera que “depois deste puxão de orelhas público” sigam “sem hesitar o caminho apontado” por Luís Montenegro. Em causa estão os líderes da concelhia e da distrital do partido, em ano de Eleições Autárquicas decisivas para o PSD, três presidentes de junta (Estrela, Santo António e Areeiro) impedidos pela limitação de mandatos de se recandidatarem e dois deputados.Luís Newton, deputado, presidente da Junta de Freguesia da Estrela e líder da concelhia do PSD Lisboa, acusado de cinco crimes de corrupção passiva e cinco de prevaricação, já suspendeu o mandato de deputado, mas não abdicou das restantes “responsabilidades e funções políticas”.Estando a suspeita da “prática dos crimes”, como alega o DIAP de Lisboa, ligada “às funções de autarca na Junta de Freguesia e na Assembleia Municipal de Lisboa”, fonte dirigente do PSD considera “surpreendente” que Luís Newton se “mantenha em funções autárquicas” na Estrela e na concelhia social-democrata. Ângelo Pereira, acusado de um crime de recebimento indevido de vantagem, já suspendeu o mandato de vereador na câmara de Lisboa, mas mantém a “função política” de líder da distrital PSD da área metropolitana de Lisboa. E aqui a “surpresa” é igual. Vasco Morgado, presidente da Junta de Freguesia de Santo António, acusado de 17 crimes de corrupção, sete de prevaricação e três de branqueamento e Fernando Braamcamp, presidente da Junta de Freguesia do Areeiro, acusado de 39 crimes de corrupção passiva, pelo que apurou o DN, não tinham “dado indicações” de quererem “sair de funções”. Carlos Eduardo Reis, deputado, acusado de seis crimes de corrupção, seis de prevaricação e cinco de tráfico de influência, e que está fora do país, já sabe que a direção da bancada parlamentar quer que suspenda o mandato “para poder preparar a sua defesa” evitando que se “crie ruído à volta do trabalho” dos deputados do PSD. “Carlos Eduardo Reis encontra-se fora do país, terei a ocasião de ter uma conversa com ele nos mesmos termos que tive com o deputado Luís Newton. Sobre esta matéria, quero também ser muito claro e muito transparente: As condições imediatas para o exercício do mandato não estão reunidas e espero que o senhor deputado Carlos Eduardo Reis possa também suspender o exercício do seu mandato”, assegurou Hugo Soares, líder parlamentar e secretário-geral do PSD. A diferença entre os dois deputados em causa é que para um há pressão pública para que suspenda o mandato, enquanto que para o outro há elogios. “Quero enaltecer e saudar a atitude que teve o deputado Luís Newton, com quem tive ocasião de conversar durante o dia de terça-feira, revelando a tranquilidade, o respeito e a responsabilidade que estas situações exigem. Teve uma atitude que me cabe enquanto presidente do Grupo Parlamentar do PSD enaltecer”, sublinhou Hugo Soares. Nas estruturas de topo do partido mantém-se a indicação de “silêncio”, à exceção das declarações “centralizadas” no secretário-geral.No caso dos autarcas “envolvidos” no Caso Tutti-Frutti, refere fonte autárquica do PSD ao DN, “apesar de Santo António, Estrela e Areeiro serem estruturalmente sociais-democratas” está criado um duplo problema: a “limitação dos mandatos” - todos estão de saída - e “as acusações de corrupção”. A “diferença de ano para ano” em votos tem vindo a “encurtar” e “nada garante agora, com tudo isto” que “consigamos manter estas juntas”, acrescenta a mesma fonte. E que “isto”, acrescenta, “não afete o Moedas” - referência ao facto de Luís Newton e Ângelo Pereira “dominarem há anos” as estruturas locais em Lisboa e na área metropolitana. No caso dos socialistas envolvidos no Caso Tutti-Frutti, fonte dirigente do PS, não tem dúvidas de que Ana Sofia Oliveira Dias, presidente da Junta de Freguesia de Penha de França, acusada de um crime de corrupção passiva agravado, “não tem condições” para se manter em funções, nem tão pouco “voltar a ser candidata”. E o mesmo, acrescenta, se aplica a Rui Paulo Figueiredo, deputado na Assembleia Municipal de Lisboa, acusado de um crime de corrupção passiva agravado.Enquanto que Ana Sofia Oliveira Dias e Rui Paulo Figueiredo “até agora nada disseram” às estruturas com competência, sublinha, Inês Drummond renunciou “atempadamente” ao lugar de vereadora sem pelouro na câmara de Lisboa justificando os “motivos”.“Renuncio ao mandato de vereadora que exerço há três anos de forma não remunerada. Faço-o com o sentimento de dever cumprido e consciência de total transparência e regularidade dos atos que pratiquei, sempre na prossecução do interesse público que norteou toda a minha vida cívica e política, escreveu a vereadora em comunicado que considera “nada” ter feito de “errado” e “certa de que isso ficará demonstrado na fase de instrução - na qual, pela primeira vez, intervém um juiz”. Esta decisão, refere outra fonte do PS ao DN, foi precedida de “contactos e conversas” com estruturas do partido com responsabilidades em Lisboa “manifestando” a “intenção” de sair “na defesa do interesse público”. .Lentidão e absolvições “mancham” Justiça que “deve ser transparente”.Tutti Frutti. CM Lisboa vai pedir sindicância para verificar legalidade do atual mandato e do anterior