Presidentes de câmara eleitos, mulheres em minoria e queda de históricos. Alguns factos das eleições
Reinaldo Rodrigues

Presidentes de câmara eleitos, mulheres em minoria e queda de históricos. Alguns factos das eleições

AD ganha mais 10 deputados, PS perde 19 e há um estreante na AR, Veja aqui outros factos que resultam das leguslativas de domingo.
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Bragança foi o único distrito onde o Chega não elegeu deputados

Bragança foi o único distrito em Portugal onde o Chega não elegeu nenhum deputado, tendo a AD - Coligação PSD/CDS conseguido eleger dois deputados e o PS um, segundo os resultados das legislativas de domingo.

Em Bragança, o Chega não elegeu nenhum deputado, tendo conseguido 20,42%, correspondentes a 14.288 votos, mais mil que nas eleições de 2024.

Estão ainda por apurar os quatro deputados eleitos pela emigração, dois pelo círculo da Europa e dois por Fora da Europa, que deverão ser conhecidos a partir de 28 de maio.

AD com maior percentagem de votos em Vila Real e menor em Beja

Vila Real foi o círculo onde a AD - Coligação PSD/CDS conseguiu uma maior percentagem de votos nas legislativas de domingo, com 44,39%, e foi em Beja que teve uma percentagem mais baixa, com 20,89%.

Com todas as freguesias apuradas, a AD conseguiu aumentar a percentagem de votos em todos os círculos eleitorais, à exceção dos Açores, onde nestas eleições conseguiu 36,56% dos votos e nas legislativas de 2024 tinha conseguido 39,84%. Ainda assim, a AD conseguiu eleger três deputados pelos Açores.

No lote dos círculos com percentagens mais elevadas, além de Vila Real, que valeu à AD três deputados, a coligação conseguiu 43,74% dos votos em Bragança, que se traduziu em dois deputados, e 42,73% em Viseu, com quatro deputados.

Na lista dos círculos eleitorais onde a coligação PSD/CDS conseguiu uma percentagem mais baixa, além de Beja, círculo que valeu apenas um deputado e ficou dominado pelo Chega, está Setúbal, onde a AD conseguiu apenas 21,01%, mas que se traduziu em cinco deputados, e Évora - único círculo que o PS conseguiu dominar - com 24,81% e a eleição de um deputado.

Ainda que tenha sido em Vila Real que a coligação liderada por Luís Montenegro tenha conseguido uma percentagem maior, foi no círculo eleitoral do Porto que teve mais votos - 375.606.

Com todas as freguesias apuradas, a AD conseguiu eleger 89 deputados, faltando ainda os votos da emigração, que deverão ser conhecidos dentro de dez dias.

AD ganha mais 10 deputados, PS perde 19 e há um estreante na AR

A composição parlamentar para a próxima legislatura voltou a alterar-se com as eleições de domingo, com a AD a ganhar mais 10 deputados, PS a perder 19, Chega a somar mais 10 e um estreante, face a 2024.

Segundo os resultados divulgados pela secretaria-geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI) e referentes ao território nacional, a AD (PSD/CDS) foi a vencedora da noite, ao conseguir eleger 86 deputados, mais 10 face ao alcançado nas legislativas de 2024 (sem contar com os círculos da emigração, que ainda não foram apurados).

A estes deve somar-se a coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM nos Açores, que conseguiu eleger três deputados, mantendo o alcançado no ano passado.

Assim, ao todo estas duas coligações têm agora 89 deputados, ou seja, mais 10 face ao registado em 2024.

Por sua vez, o PS foi um dos derrotados da noite, tendo eleito 58 deputados, isto é, menos 19 face ao 77 das legislativas anteriores.

O Chega está, neste momento, 'taco a taco' com o PS, ao eleger 58 deputados, mais 10 face a 2024, enquanto a IL viu a sua bancada ganhar mais um deputado, tendo agora 9 mandatos.

Já o Livre conseguiu mais dois deputados do que no ano passado, totalizando seis deputados, enquanto a CDU (PCP/PEV) perdeu um deputado, passando de quatro para três.

O Bloco de Esquerda vê a sua bancada parlamentar encolher de cinco deputados para uma deputada única (a própria coordenadora do partido), enquanto o PAN 'segurou' Inês Sousa Real, que vai continuar a ter assento no parlamento.

A Assembleia da República tem agora um estreante, depois de o Juntos Pelo Povo (JPP) ter eleito Filipe Sousa.

Esta composição não inclui ainda os eleitores residentes no estrangeiro, cuja participação e escolhas serão conhecidos a 28 de maio.

Nove presidentes de câmara municipais eleitos deputados

Nas eleições legislativas de domingo foram eleitos nove presidentes de câmaras municipais que tinham suspendido o mandato e que, agora, caso aceitem ser deputados, ocuparão cinco lugares na bancada do PS, três na do PSD e um no JPP.

Foram eleitos pelo PS os autarcas de Mirandela (Bragança), Júlia Rodrigues, Vila Real, Rui Santos, Paços de Ferreira (Porto), Humberto Brito, Cinfães (Viseu), Armando Mourisco, e Porto Moniz (Madeira), Emanuel Câmara.

Pela coligação AD - PSD/CDS foram eleitos os autarcas de Boticas (Vila Real), Fernando Queiroga, Arcos de Valdevez (Viana do Castelo), João Manuel Esteves, e Vila de Rei (Castelo Branco), Ricardo Aires.

Pela primeira vez no parlamento, o partido madeirense Juntos pelo Povo (JPP) conseguiu eleger o presidente da Câmara de Santa Cruz (Madeira), Filipe Sousa.

Ao todo, doze presidentes de câmaras municipais estavam a concorrer às eleições legislativas antecipadas, 10 deles no último mandato e impedidos de se recandidatar nas próximas eleições autárquicas.

Falharam a eleição os socialistas Nuno Mascarenhas, autarca de Sines (Setúbal), Vítor Guerreiro, presidente da Câmara de São Brás de Alportel e o social-democrata João Paulo Sousa, presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Coa.

Diminuição de votos no PS, BE e CDU fazem sair 'históricos'

O parlamento perdeu alguns "históricos" do PS, BE e CDU com a perda de votos registada nas eleições de domingo, como o comunista António Filipe ou o socialista José Maria Costa.

Com listas alteradas em relação a 2024, incluindo ao nível de cabeças-de-lista, o PS vê, nomeadamente, ficar de fora uma das referências de Viana do Castelo José Maria Costa e de Viseu, João Paulo Rebelo.

O comunista António Filipe deixa de se sentar na bancada do PCP, ao falhar a eleição por Lisboa nas listas da CDU (PCP/PEV).

O Bloco de Esquerda deixa de contar com Marisa Matias na Assembleia da República, que liderava a lista do partido pelo Porto e com Joana Mortágua, que tinha segurado no ano passado um lugar por Setúbal. Apenas Mariana Mortágua, coordenadora do partido, foi eleita. Também o líder parlamentar, Fabian Figueiredo não conseguiu ser eleito, nem nenhum dos três fundadores que se apresentaram as eleições: Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luis Fazenda. Em 2024, os bloquistas somaram cinco parlamentares.

AD, IL e Chega têm juntos maioria de dois terços do parlamento

A AD (PSD/CDS-PP) e a coligação PSD/CDS-PP/PPM nos Açores, a IL e o Chega têm juntos mais de dois terços dos deputados, somando por enquanto 156 eleitos em 230, quando estão ainda por atribuir quatro mandatos pela emigração.

Uma maioria de dois terços de deputados - 154 - permite aprovar alterações à Constituição e é também o mínimo exigido, por exemplo, para se eleger juízes do Tribunal Constitucional, o provedor de Justiça, o presidente do Conselho Económico e Social e vogais do Conselho Superior da Magistratura, entre outros órgãos.

Próximo parlamento terá o mesmo número de mulheres do que em 2024

O próximo parlamento português terá o mesmo número de deputadas do que as eleitas nas legislativas do ano passado, e vão ocupar 76 dos 226 mandatos atribuídos nas eleições de domingo.

As eleitas representam 33,6% dos deputados, faltando ainda conhecer os quatro mandatos pela emigração, aos quais concorreram várias cabeças-de-lista mulheres, entre as quais a candidata do PS pelo círculo da Europa, Maria Emília Ribeiro.

De acordo com os mandatos já atribuídos, a AD elegeu 28 mulheres, o PS 21, o Chega 17, a IL três e o Livre outras três. PCP, BE e PAN elegerem uma deputada cada um e, nos Açores, a coligação PPD/PSD.CDS-PP.PPM também elegeu uma deputada.

Depois de a lei da paridade ter sido revista em 2019, passando a fixar em 40% a percentagem mínima de cada um dos sexos nas listas eleitorais, os resultados das legislativas de 2022 já tinham ficado aquém, com as 85 eleitas a representarem 37% do parlamento.

Uma meta que ficou ainda mais longe nas eleições legislativas de 2024 e novamente no sufrágio de domingo.

Abstenção alcança valor mais baixo em 30 anos

A taxa de abstenção nas eleições legislativas de domingo deverá situar-se nos 35,62%, a mais baixa em 30 anos, quando em outubro de 1995 ficou nos 33,70%.

Estes valores não incluem ainda os eleitores residentes no estrangeiro, cuja participação e escolhas serão conhecidos a 28 de maio.

A taxa de abstenção baixou nas duas últimas eleições legislativas, depois da tendência de subida durante décadas, tendo alcançado em 2019 o valor mais elevado desde 1975 ao atingir os 51,43%.

A taxa de abstenção nas eleições legislativas de 2024 situou-se nos 40,16%, a mais baixa desde 2005, quando ficou nos 35,74% e José Sócrates alcançou a primeira maioria absoluta do PS.

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