José Luís Carneiro apresentou candidatura no jardim da sede nacional do PS
José Luís Carneiro apresentou candidatura no jardim da sede nacional do PSFoto: Gerardo Santos

José Luís Carneiro promete “voltar a fazer do PS o maior partido português” e afasta ajustes de contas

Antigo ministro apresentou candidatura a secretário-geral do PS na sede nacional do Largo do Rato. E prometeu recuperar a confiança dos portugueses no seu partido, “sem deixar ninguém para trás”.
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O atual deputado José Luis Carneiro apresentou a sua candidatura a secretário-geral do PS com a promessa, feita às centenas de militantes e dirigentes que se dirigiram nesta tarde de sábado à sede nacional do partido, no Largo do Rato, em Lisboa, com a promessa de “voltar a fazer do PS o maior partido português”.

Uma meta que o antigo ministro da Administração Interna, que em dezembro de 2023 disputou a liderança com Pedro Nuno Santos, disse depender de uma ”análise profunda” quanto às razões profundas da derrota eleitoral de 18 de maio. E, apesar de ter defendido, num discurso feito no jardim da sede nacional, à sombra de um jacarandá, que o partido precisa de dar melhores respostas aos problemas dos portugueses, afastou a ideia de seja prioritário assacar responsabilidades a quem dirigiu o partido desde a saída de António Costa.

“Engana-se quem confunda esta reflexão com ajustes de contas”, disse José Luís Carneiro, acrescentando que não poderão contar consigo para “ataques pessoais na praça pública”. Antes, enviara um “abraço fraterno” a Pedro Nuno Santos, que não esteve na apresentação, ao contrário de deputados como o líder parlamentar interino Pedro Delgado Alves, Miguel Costa Matos e Eurico Brilhante Dias. E ainda, entre muitos outros, Sérgio Sousa Pinto, que se autoexcluiu das listas de candidatos a deputados às últimas legislativas.

José Luís Carneiro apresentou a sua “decisão individual baseada na avaliação do momento que se vive no país e no partido”, garantindo uma visão e um posicionamento que “ honra os valores e princípios” que fizeram de Portugal “um dos países mais desenvolvidos da Europa”. De si próprio, o autoapresentado “homem nascido e criado em Baião”, disse que deverão contar com a sua “força, determinação e coragem”, apelando aos socialistas “para que se unam, na sua diversidade, para iniciar o caminho de volta”.

Assumindo a felicidade de ter trabalhado com António Costa, de quem foi secretário-geral-adjunto no PS, Carneiro assumiu-se como “homem do socialismo democrático e um progressista, com profundas convicções humanistas”.

Igualmente profunda disse ser a sua convicção de que os resultados eleitorais do PS nas legislativas, ficando reduzido a 58 deputados e vendo-se ultrapassado pelo Chega como a segunda bancada parlamentar desta legislatura, ”são conjunturais e não refletem uma alteração estrutural” em Portugal. Mas não deixou de considerar quem defende posições “racistas e xenófobas” como único inimigo político do PS, por contraste com os adversários democráticos com os quais pretende diálogo e, no caso da AD, mesmo pactos de regime.

Prioridade às autárquicas

No caminho para recuperar a confiança dos portugueses que admite ser necessário para seu partido, realçou a necessidade de “atender a todas e a todos, sem deixar ninguém para trás”. Em particular, numa altura em que os eleitores mais jovens optaram sobretudo pela AD e pelo Chega, com estudos de opinião a darem aos socialistas uma percentagem desse eleitorado pouco superior à da Iniciativa Liberal, Carneiro destacou que é preciso ser capaz de responder “às ambições legítimas das gerações mais jovens”.

Num discurso em que recordou a sua passagem por diversos cargos, falando do que aprendeu enquanto vereador da oposição em Baiao, antes de vir a presidir à autarquia do distrito do Porto, bem como enquanto secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e ministro da Administração Interna, o candidato à liderança do PS deu prioridade imediata às autárquicas, a disputar em setembro ou outubro.

Referindo-se às autarquias socialistas como “um poderoso antídoto contra a progressão populista”, Carneiro disse que o PS estará em todo o país em listas próprias, mas não afastou “convergências progressistas onde estas se revelarem necessárias, sólidas e ganhadoras”, abrindo caminho para acordos com outros partidos de esquerda.

Pelo contrário, sobre Presidenciais, numa aparente indireta a António José Seguro, que confirmou a entrada na corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa na semana passada, Carneiro saudou os que “têm coragem e disponibilidade para servir o país”, mas deixou muito claro que “é o PS que define a sua agenda e é o PS que define a hierarquia das suas prioridades”.

As eleições diretas para escolher o novo secretário-geral do PS realizam-se a 27 e 28 de junho, sendo cada vez mais evidente que José Luís Carneiro não enfrentará concorrência. Nesta sexta-feira, o professor universitário e comentador político Miguel Prata Roque, que esteve presente no Largo do Rato para ouvir o antigo ministro da Administração Interna, comunicou que não disputará à sucessão de Pedro Nuno Santos.

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