Jorge Rebelo de Almeida: Greve da CP foi "selvagem" e teve fins políticos
O fundador do grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, teceu este sábado duras críticas à greve dos maquinistas e revisores da CP que teve lugar durante a última semana, considerando que a paralisação não se justifica e visa fins políticos.
Confessando-se adepto da social-democracia ao estilo europeu, mas sem filiação partidária, Jorge Rebelo de Almeida defendeu que "o país chegou a um ponto em que precisamos de algumas medidas liberais".
"Por exemplo, como se salva a CP? É deixando-a fechar e abrindo uma empresa nova. Eu que ando na rua e falo com as pessoas que trabalham e que precisam de transportes para poderem ir trabalhar, pergunto-me que utilidade tem uma greve selvagem como esta, que não se compreende e que tem claramente uma finalidade política e partidária", por ter lugar na semana anterior às eleições legislativas, disse o empresário durante a inauguração do novo hotel do grupo Vila Galé em Ponte de Lima.
"Se não forem os privados a criar riqueza, quem o pode fazer? No turismo, por exemplo, é o sector privado que cria essa riqueza", defendeu, argumentando que "existem cada vez mais funcionários públicos, mas a administração pública central e local está cada vez pior". Admitiu, porém, que também existe uma tendência para "criticar os funcionários públicos por tudo e por nada", acabando estes últimos por "serem presos por ter cão e por não ter".
"No Vila Galé não precisamos de favores, só precisamos que não nos chateiem tanto", disse. "Esperemos que a partir deste domingo haja estabilidade, que o sector do turismo e o país bem precisam", acrescentou.
Uma greve que entrou na campanha
Na semana entre 7 e 14 de maio, uma onda de greves convocada por vários sindicatos provocou fortes constrangimentos aos utentes da CP, com a circulação de comboios parada nos primeiro dias, devido à ausência de serviços mínimos decidida pelo Tribunal Arbitral - o que apenas foi alterado a partir de dia 11, quando foram definidos serviços mínimos de 25%.
O impacto da greve na CP entrou em força na campanha para as legislativas, com o presidente do PSD e atual primeiro-ministro Luís Montenegro a considerar que existiram “influências políticas, partidárias e eleitorais” que não permitiram evitar a greve. Numa posição que mereceu críticas da oposição à esquerda, Montenegro defendeu mesmo que pode ser necessário alterar a lei para equilibrar o direito è greve com outros direitos.
Já os sindicatos representativos dos trabalhadores da CP-Comboios de Portugal acusaram a empresa de ter voltado atrás nas negociações com a justificação de que o Governo não autorizou a proposta que a transportadora iria assinar com os trabalhadores. "O presidente da administração informou [os sindicatos] que o Governo recusou a proposta com o argumento de se encontrar em gestão e não poder autorizar as medidas previstas no acordo", denunciaram, em comunicado conjunto, 13 estruturas sindicais.