Pregões, roupa quase de marca, muita bijuteria, queijos e espaço para andar numa manhã marcada por uma greve da CP. Foi assim que a porta-voz do PAN encontrou a Feira de Carcavelos numa das ações de campanha do partido. Inês de Sousa Real, sempre pronta a disparar um sorriso na direção de quem a abordava, acabou por ouvir mais desabafos de feirantes de etnia cigana, contra André Ventura, do que elogios ou palavras de apoio a si própria, mas houve de tudo naquela manhã que começara na Unidade de Saúde Familiar (USF) São João do Estoril. Pelo meio, a “menina Inês”, como lhe chamara um dos comerciantes, ainda ouviu a história de um cão que a cumprimentou.“Precisamos de alguém que esteja a falar de valores, não só de politiquices”, apelara com timidez uma mulher que fez questão de interagir com a comitiva do PAN. Pressionada pelos jornalistas, identificou-se como Elisabete. “Acho que precisamos de ter o PAN na Assembleia [da República], sinceramente”, apelou, antes de exprimir o receio de que tal possa não acontecer.“Precisamos de alguém com uma voz firme a lutar por valores humanos, reais”, explicou, já longe de Inês de Sousa Real, que fizera questão de lhe deixar dois beijinhos em troca daquele apoio..Entretanto, sucediam-se as queixas contra o Chega, que a líder do PAN aguentou sem vacilar, enquanto centrava nas causas do partido as abordagens que recebia. Com os epítetos de “palerma” e “papagaio” dirigidos a Ventura, António Barão, um feirante de etnia cigana, assegurou que “há pessoas que se portam bem e outras que se portam mal”, enquanto pedia que não pagassem “todos por igual”. Emocionado por defender que “o ódio que se apanha às pessoas não está correto”, prometeu que não se calaria perante a perseguição que o Chega estava fazer a esta comunidade.A líder do PAN lamentou a forma como o Chega tem perturbado a campanha, tendo em conta as queixas que recebeu, e recuperou os temas que considerou essenciais, como a Saúde e “mesmo mercados e feiras”, que, explicou, são “uma importante fonte de rendimento dos ciganos”, acrescentando que não se pode criticar quem recebe o Rendimento Social de Inserção e depois não apoiar as alternativas..No final, a líder do PAN não resistiu a um cão que lhe pediu festas. A dona acabou por explicar que o cão estava com ela desde bebé. E trocaram impressões.Uma hora antes, Inês de Sousa Real visitou a USF São João do Estoril, onde falou com o presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, André Biscaia, que criticou as opções do Governo quanto às USF modelo C, classificando-as como “uma incógnita”. Explicando que estas USF são uma privatização da Saúde, alertou para “um redirecionar dos recursos financeiros” para o setor privado, que acontece “à custa do bolo que, em princípio, deveria” ser para o setor público.No final da manhã, Inês de Sousa Real ouviu o vice-presidente do SOS Quinta dos Ingleses, Pedro Jordão, sobre aquilo que considerou ser um “ecocídio” com a construção do Hotel Hilton em Carcavelos. A líder do PAN alertou para a possibilidade do desaparecimento da praia, face à “destruição” do areal, assim como para a perda de árvores, como consequência da concessão feita aos privados, que, além de não dar “nenhum contributo à população”, pode promover “a especulação imobiliária”, afirmou.