Mariana Mortágua não estabeleceu metas eleitorais e preferiu pedir ao eleitorado do BE o maior número de mandatos possível para as legislativas. E o resultado traduz-se em haver no hemiciclo, pela primeira vez na história do partido, uma deputada única, a coordenadora bloquista. Entretanto, foi convocada para dia 24 deste mês uma reunião do órgão máximo do partido entre convenções - a Mesa Nacional - que poderá decidir o futuro do BE. Assim, nasce uma “situação muito perigosa”, que “pode prever uma mudança da Constituição”, com um Parlamento com dois terços das bancadas ocupados pela direita, alertou ao DN o crítico interno do BE Rui Cortes.“Sempre houve uma maioria de esquerda na sociedade portuguesa e neste momento a esquerda representa um terço da votação”, diz o bloquista preocupado com “um avanço extraordinário da extrema-direita e um recuo muitíssimo grande da esquerda”. Isto acontece “apesar do Bloco se ter afirmado como defensor de propostas que não são imediatistas, como acontece com o Chega, que prometeu triplicar o valor das pensões”, apesar de não saber “como é que seria possível satisfazer um orçamento dessa maneira”, continua o também professor universitário”.Contudo, no BE “há divisões internas por alguma asfixia democrática. Aliás as várias moções que têm concorrido às convenções têm vindo sucessivamente a diminuir”, o que revela um “descontentamento que não é de agora”, explica.Por outro lado, propõe Rui Cortes, “o discurso do BE aparece um pouco gasto e sem novidade, o que pode motivar um afastamento para outros partidos”. Neste ponto, o bloquista não nega “que o Livre tem acolhido algum deste deslocamento de votos do Bloco, porque aparece com um discurso mais arejado, é mais inovador”, ainda que o BE não seja “um partido antigo”.Apontando o dedo a uma “estratégia inadequada” da direção do partido para as legislativas, com “pouca dinâmica nos processos eleitorais”, Rui Cortes critica a participação dos “fundadores do Bloco” - Francisco Louça, Luís Fazenda e Fernando Rosas -, e a imitação do “que se passa na Alemanha e na Inglaterra com o porta-a-porta”.“É uma situação que à partida estava condenada absolutamente ao fracasso”, conclui..Eleições legislativas. Marcelo já definiu critérios para “solução” de novo Governo.Como correram as eleições, círculo a círculo, a todos os partidos