Um conclave pelo futuro da Europa
Que Europa queremos em 2040? Cascais é desde hoje o local escolhido para um encontro que junta cinco dezenas de "mentes brilhantes" para discutir o futuro europeu e influenciar as grandes decisões estratégicas, o Conclave.
O nome do encontro remete para as reuniões em que os cardeais elegem entre os pares um novo chefe da Igreja Católica, mas a raiz da palavra significa uma área fechada à chave. "O objetivo é juntar pessoas na mesma sala, sem telemóveis, até sair fumo branco", disse Guillaume Klossa, presidente do grupo de reflexão EuropaNova, organizador do evento, que tem o alto patrocínio do Presidente da República.
"Escolhemos Portugal porque há uma vontade do país em contribuir para a discussão", justifica Klossa em encontro com os jornalistas.
A seu lado, Maria João Rodrigues, do comité executivo do Conclave, recorda que o país já foi palco de momentos fundamentais na construção europeia, como a presidência do Conselho da UE em 2007, na qual o falhado projeto de Constituição europeia foi reconvertido no Tratado de Lisboa. Klossa foi o emissário da presidência francesa - cujos eleitores haviam rejeitado a Constituição em referendo - e Rodrigues fez parte da equipa de negociação do tratado.
Os tempos são outros, mas a vontade de moldar o futuro comum mantém-se. A antiga eurodeputada e atual presidente da Fundação Europeia de Estudos Progressistas (FEPS) aponta para a aprovação, na quarta-feira, no Parlamento Europeu, da reforma dos tratados, ou seja, das instituições europeias, quando em paralelo a UE está pressionada a proceder a um novo alargamento.
À porta fechada, na Cidadela de Cascais, os participantes vão debater geopolítica, tecnologia, energia, ambiente, clima, saúde, estado social e educação, e ainda os desafios da democracia.
Partindo do princípio de que o Ocidente já não vai estar sozinho na liderança, "é importante começar por identificar as perguntas certas", diz Klossa.
O resultado será convertido num relatório que deverá estar pronto em janeiro, a tempo de entregá-lo aos líderes da UE e apresentado na reunião mensal dos chefes da diplomacia, e - esperam os organizadores - um contributo para o debate das eleições europeias de junho.