Santos Silva tenta marcar lugar para continuar nas listas do PS
Na próxima terça-feira, a Comissão Política do PS deverá aprovar as listas dos candidatos a deputados para as legislativas de 10 de março.
Ao que o DN apurou, para mostrar “apego à terra”, Pedro Nuno Santos poderá continuar cabeça de lista pelo seu círculo de sempre, Aveiro (é natural de S. João da Madeira). Ao contrário de Luís Montenegro, que também é do mesmo distrito, Pedro Nuno Santos parece tentado a evitar que a sua ascensão a secretário-geral do PS implique ser agora cabeça de lista pelo círculo de Lisboa (o que vai acontecer com Montenegro).
Será mais uma forma, como outra qualquer, do líder socialista estabelecer contraste com o seu homólogo do PSD. Mas que abre uma vaga importante nas listas do PS: quem será o nº 1 por Lisboa (desde 2015 foi sempre o líder do partido, António Costa)?
Assis lidera no Porto
As listas estão longe de estar concluídas. Segundo o DN soube, uma das mudanças poderá ocorrer no Porto. Nas legislativas de 2022 (e em anteriores) o cabeça de lista foi o cientista Alexandre Quintanilha e agora deverá ser Francisco Assis, antigo líder parlamentar do partido).
Forte incógnita rodeia a colocação na lista portuense do atual ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que se tornou num problema eleitoral ao não conseguir contornar a ideia instalada de que o SNS vive o pior momento da sua história. A solução poderá ser um lugar secundário na lista ao Parlamento Europeu.
Entretanto, parece já estar definido o lugar para o dirigente que desafiou Pedro Nuno Santos na disputa pela liderança. Tudo aponta para que José Luís Carneiro volte a ser cabeça de lista por Braga, como já foi em 2022.
Outra incógnita chama-se Augusto Santos Silva (que em 2022 foi eleito deputado como cabeça de lista pelo círculo de Fora da Europa). O que o DN sabe é que na direção de Pedro Nuno Santos há quem ache que Santos Silva - apoiante de José Luís Carneiro no combate interno pela liderança - está há demasiado tempo na primeira linha da atividade do PS (desde 1995, há quase 30 anos).
O ainda presidente da Assembleia da República parece sentir que o seu lugar está em causa. Ontem fez questão de, muito abertamente, marcar lugar não só para a sua recolocação em lugar elegível nas listas de candidatos a deputados como até, principalmente, para ser de novo o candidato do PS a presidente do Parlamento.
"A minha lógica é muito simples: eu, em 2022, aceitei um trabalho até 2026. Portanto, não vejo razão agora para o rejeitar", afirmou aos jornalistas, após ter participado numa iniciativa sobre jornalismo no âmbito do 5.º Congresso dos Jornalistas.
Santos Silva ressalvou contudo que há um "conjunto de variáveis" que vão determinar quem vai ser o próximo presidente do Parlamento, entre as quais a sua própria vontade, a decisão do seu partido, mas também "do eleitorado". "A vontade determinante aqui é mesmo a vontade do eleitorado e temos de ser bastante humildes agora porque se trata de influenciar, primeiro, e depois respeitar a vontade do eleitorado."
PS “não faz purgas”
Questionado sobre se teme que o processo de elaboração de listas de candidatos a deputados no PS possa ser alvo de críticas internas, designadamente de concelhias, como foi no PSD, Santos Silva disse não ter "a mínima dúvida de que vai ser um processo absolutamente pacífico". "O PS não é um partido que faz purgas, de ajustes de contas. Não há no PS esta lógica de uma vez a banca parlamentar que se constitui estar toda virada a norte e, no próximo momento, vira a toda a leste. Todos os pontos cardeais são admitidos e integrados no PS", avisou.
Segundo acrescentou, a razão disso prende-se com o facto de o debate da disputa pela liderança do PS já ter sido feito. "Esse debate concluiu-se, agora a liderança é a liderança de todos. Todos estamos unidos e determinados em ganhar as próximas eleições."
Interrogado se considera que os partidos deveriam discutir mais sobre política internacional no âmbito da campanha eleitoral, depois de o Presidente da Ucrânia ter ontem pedido mais apoio internacional em Davos, Santos Silva respondeu que não lhe parece.
O presidente do Parlamento indicou que as campanhas eleitorais são momentos em que os partidos procuram "marcar diferenças". Mas "acontece que, entre os dois principais partidos que disputam a vitória nas próximas eleições, em matéria de política internacional são mais as semelhanças do que as diferenças". Assim, "é natural que a política internacional não seja um dos pratos fortes de uma campanha eleitoral".