Portugueses "demitem" Fernando Medina e a CEO da TAP
Na sucessão de escândalos dos últimos meses, nenhum se compara, em termos de impacto público, ao caso de Alexandra Reis, a ex-secretária de Estado do Tesouro que recebeu meio milhão de euros de indemnização para sair da TAP. Dois ministros ficaram na mira: Pedro Nuno Santos e Fernando Medina. O primeiro demitiu-se, o segundo resistiu. Mas, de acordo com os portugueses, já não devia estar no Governo (55%). No que diz respeito à CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, entre demitir-se ou ser demitida, 71% abrem-lhe a porta de saída.
O ministro das Finanças tem sido uma espécie de bombo da festa da Oposição, desde que o foco se desviou de Pedro Nuno Santos, ex-ministro das Infraestruturas. Foi o primeiro que convidou Alexandra Reis para as Finanças, sabendo que tinha saído de forma litigiosa da TAP, mas sem cuidar de saber porquê. E, por causa disso, como repete uma e outra vez o PSD, está diminuído politicamente. O barómetro da Aximage para o DN, JN e TSF mostra que esse sentimento é maioritário entre os portugueses.
São muitos mais os inquiridos que discordam da sua decisão de se manter no Governo (55%) do que os que defendem a decisão de permanecer em funções (22%). Esta leitura atravessa todos os segmentos da amostra, em particular os que residem a Norte (62%), os homens (60%), os mais velhos (61%) e os que têm maiores rendimentos (67%). Só os eleitores socialistas lhe dão algum benefício da dúvida. Mas por pouco: 38% também já não querem Medina a ministro.
Tendo em conta o escândalo da TAP e o lastro que arrastava (desde que chegou às Finanças, tem sido sempre o ministro com pior avaliação nos barómetros), não surpreende a avaliação que os portugueses lhe fazem: 55% de notas negativas e apenas 20% de positivas, o que representa um saldo negativo de 35 pontos, ainda pior do que o de António Costa. A linha, refira-se, tem sido sempre descendente: Fernando Medina arrancou em abril com um saldo negativo de cinco pontos; passou para 12 em julho; e em setembro já eram 27.
-13. O novo ministro das Infraestruturas, João Galamba, arranca mal o mandato, com um saldo claramente negativo. Mas é preciso notar que a maioria (57%) se refugia numa resposta neutra ou não tem opinião.
-11. Manuel Pizarro, ministro da Saúde, acompanha a onda negativa e passa de um saldo neutro, em setembro passado, para 11 pontos negativos. No entanto, entre os mais velhos tem saldo positivo.
-7. José Luís Carneiro, titular da Administração Interna, que chegou a estar em terreno positivo em julho, fica desta vez abaixo da linha de água. Mas também tem um saldo positivo entre os eleitores com 65 ou mais anos.
0. A relativa discrição de Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência, ajudará a explicar que se mantenha num patamar acima dos colegas. Mas também é vítima da degradação do Governo: dos 19 de saldo positivo de abril, passa para saldo zero.
FICHA TÉCNICA
A sondagem foi realizada pela Aximage para o DN, TSF e JN, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade política.
O trabalho de campo decorreu entre os dias 10 e 14 de janeiro de 2023 e foram recolhidas 805 entrevistas entre maiores de 18 anos residentes em Portugal. Foi feita uma amostragem por quotas, obtida através de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género, grupo etário e escolaridade. Para uma amostra probabilística com 805 entrevistas,
O desvio padrão máximo de uma proporção é de 0,017 (ou seja, uma "margem de erro" - a 95% - de 3,45%).
Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem, Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.
rafael@jn.pt