Popularidade de Marcelo em queda, Costa no vermelho

Presidente mantém saldo positivo na avaliação dos portugueses, mas longe do entusiasmo do passado. Orçamento com alívio no IRS não chega para melhorar imagem do primeiro-ministro.
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Marcelo Rebelo de Sousa volta a ser o político mais popular, mas sofre uma queda acentuada na avaliação dos portugueses, de acordo com uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF. Continua, ainda assim, em terreno positivo (10 pontos), ao contrário de António Costa, que perde três pontos face à última avaliação e mantém, por isso, um saldo negativo (22 pontos), em nada beneficiando da apresentação do Orçamento do Estado para 2024 e de medidas populares como o alívio no IRS.

O Presidente da República regressa, neste mês de outubro, à trajetória descendente que registou entre abril de 2022 (tinha então 46 pontos de saldo positivo) e o mesmo mês do ano passado (saldo de apenas sete pontos). Em julho passado, e no auge da confrontação com o primeiro-ministro, na sequência do "deplorável episódio" que envolveu o ministro João Galamba, recuperou parte do terreno perdido e chegou aos 26 pontos de saldo positivo (diferença entre avaliações positivas e negativas). Três meses depois, a centralidade política de Marcelo Rebelo de Sousa já não parece ser a mesma e a sua avaliação volta a cair: é certo que consegue um saldo positivo de dez pontos, mas isso corresponde ao segundo pior resultado desde o início desta série de barómetros, em julho de 2020.

Outro resultado que aponta, desta vez, para uma degradação da popularidade do inquilino de Belém é o "jogo" da confiança com o primeiro-ministro. Quando se pergunta aos portugueses em quem mais confiam, Marcelo (46%) continua muito acima de Costa (18%), mas com a diferença a reduzir-se de 35 para 28 pontos.

Por outro lado, e ao analisar os diferentes segmentos da amostra, o presidente já acusa saldo negativo entre os que vivem na Área Metropolitana do Porto e entre os que têm melhores rendimentos. E se o ângulo de análise for o voto, percebe-se que o resultado positivo de Marcelo depende cada vez mais dos eleitores socialistas. Sofreu um forte abalo entre os sociais-democratas e, daí para a Direita e para a Esquerda, o saldo é negativo.

A situação do primeiro-ministro é diferente da do presidente, para pior. António Costa entrou em terreno negativo em julho do ano passado e não parece ser capaz de alterar a perceção dos portugueses. Nem o Orçamento do Estado, com a sua aposta nas "contas certas" e, simultaneamente, uma folga no IRS, mudou a opinião dos portugueses. Como mostrou a sondagem publicada ontem, o alívio no IRS é positivo (50%), mas os contribuintes querem mais, concretamente que o excedente deste e do próximo ano seja usado para dar volume ao alívio fiscal (52%). E há, por outro lado, uma óbvia insatisfação com o fim do IVA Zero (63% acham que devia manter-se), com os valores para o aumento das pensões (insuficientes para 63%) e até com os aumentos salariais na Função Pública (insuficientes para 52%).

A avaliação só não é pior para Costa porque, da análise aos vários segmentos da amostra, resulta que os eleitores socialistas estão muito satisfeitos (saldo positivo de 74 pontos), ao contrário dos eleitores mais à Direita, em que se aprofunda o descontentamento.

Os que têm 65 anos ou mais, grupo etário que costumava alavancar o primeiro-ministro, continuam distantes. Costa perdeu o seu favor aquando da polémica com o "congelamento" de pensões, no final do ano passado, recuperou algum terreno quando emendou a mão, com o aumento intercalar das pensões em julho passado, mas não o suficiente (saldo negativo de 11 pontos).

rafael@jn.pt

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