Políticos portugueses acham 'lobbying' pouco regulado

Um estudo sobre a eficácia do lobbying na Europa concluiu que 100% dos políticos portugueses inquiridos consideram esta atividade insuficientemente regulamentada.
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A falta de regulamentação do lobbying é sentida por 56% dos inquiridos a nível europeu. "Mas no caso particular de Portugal as respostas são 100% reivindicativas de uma efetiva regulamentação da atividade", refere o estudo da Burson-Marsteller, empresa global líder em relações públicas e consultoria de comunicação.

Este estudo, que vai já na sua 5ª edição, apresenta como aspeto preponderante o facto de 9 em cada 10 inquiridos concordarem com a ideia de que "o lobbying ético e transparente ajuda no processo de desenvolvimento de políticas", a que acresce a ideia de que a maioria dos grupos lobistas é vista como transparente, principalmente as associações de comércio, as associações profissionais, as empresas, os sindicatos e as ONG (Organizações Não Governamentais).

Para o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, que escreveu o prefácio do estudo, "o lobbying faz parte do jogo". "Temos que ter a certeza de que ele é feito de forma transparente e ética. O Transparency Register definido pela Comissão Europeia e pelo Parlamento Europeu serve precisamente esse propósito. Mas são ainda necessários esforços dos profissionais do lobbying - esforços que eu aprecio e encorajo", afirmou.

Quanto ao registo obrigatório dos lobistas, 53% consideram-no desejável nos seus países de origem, mas as respostas referentes a Portugal atingem os 88% na defesa desse registo obrigatório.

"Estes números traduzem a necessidade de clarificação da situação Portuguesa relativamente á atividade do lobbying. Uma atividade que, efetivamente, se move num cenário totalmente desregulado que importa ultrapassar através de um esforço de transparência já atingido na maior parte dos países da Europa ", explica Salvador da Cunha, Presidente da Lift Consulting, associada em Portugal da Burson-Marsteller.

Entre as conclusões do estudo encontra-se uma em particular, que refere que as associações de comércio são consideradas como as lobistas mais eficazes (62%), seguidas pelas organizações profissionais e pelas ONG (Organizações Não Governamentais). Verificaram-se, todavia, algumas diferenças significativas de apreciação conforme os países: por exemplo, na Alemanha, as ONG e as agências de Relações Públicas são vistas como as mais eficazes - com 78% e 71%, respetivamente.

Este estudo foi feito com base em questões colocadas a políticos (membros dos vários Parlamentos Nacionais e membros do Parlamento Europeu) e a representantes de topo de governos e de instituições Europeias. Em Portugal foram inquiridos cerca de duas dezenas de políticos a exercerem funções decisórias na Assembleia da Republica e no Governo.

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